Ministro tenta negar privilégios ao filho-deputado
Não houve exceção. Seis ministros encrencados. Antes de cair, todos divulgaram notas de 'esclarecimento'. Fernando Bezerra Coelho, o sétimo, adotou o mesmo modelo. Escreveu coisas definitivas. Mas não definiu muito bem as coisas.
Abriu o texto com a encrenca do dia: o privilégio no empenho das emendas do filho Fernando Coelho. Deputado pelo PSB pernambucano, ele pendurou no orçamento da Integração Nacional R$ 9,1 milhões em obras. O pai mandou empenhar 100%.
"Não há favorecimento politico", diz a nota. "Em 2011, 49 parlamentares de diferentes Estados e partidos tiveram mais de 95% dos empenhos efetuados."
O deputado-filho, prossegue o texto, "teve suas emendas […] empenhadas em percentual e valor equivalente a outros 43 parlamentares."
Há no Senado um sistema chamado 'Siga Brasil'. Acompanha em ritmo diário a execução do Orçamento da União. Varejando-se os dados, descobre-se: na pasta do ministro-pai, nenhum congressista foi aquinhoado como o deputado-filho.
De duas, uma: o ministro pode demonstrar que o sistema Siga não merece crédito. Nomes e cifras, por favor. Do contrário, a nota oficial não merecerá respeito.
No mais, o ministro escreveu que sua equipe é técnica, não política. Negou o flerte com o nepotismo. E quanto a Clementino Coelho, o irmão que preside interinamente a Codefasf? Bem, sobre isso o ministro transferiu a explicação para outra nota. Divulgou-a Gleisi Hoffmann.
No texto, a chefe da Casa Civil informa: o colega da Integração Nacional já propôs a substituição do irmão da Codevasf. Indicou Guilherme Almeida. Deu-se há 50 dias. Por que diabos a troca não foi efetivada?
Segundo a nota de Gleisi, a lei exige a realização de "consultas". Curioso, muito curioso, curiosíssimo. Guilherme, o indicado de Fernando Bezerra, já ocupa um cargo de direção na Codevasf.
A Casa Civil alega que "a assunção à presidência exige novas consultas." Insinua que o processo foi concluído. "Guilherme Almeida será nomeado nos próximos dias."
Como se vê, as chuvas produziram na Presidência da República um benfazejo efeito colateral. Súbito, abriram-se as gavetas. Papéis de 50 dias ganharam o topo da pilha.
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