Topo

Josias de Souza

Em GO, pastora é acusada de ‘escravizar’ índia

Josias de Souza

11/01/2012 19h07

Em Goiás, o Ministério Público Federal protocolou na Justiça uma ação curiosa. Na peça, fica demonstrado, uma vez mais, que o leite da bondade humana azedou.

Denunciou-se uma pastora evangélica. Em notícia veiculada na página da Procuradoria, a acusada é identificada pelas iniciais: W.F.M.B.. Acusam-na de explorar trabalho análogo à escravidão.

A missionária de Cristo escravizou uma menina indígena. Onze anos. Entre 2009 e 2010, obrigou-a a realizar trabalhos domésticos. Atividades "degradantes", anota a denúncia. Jornada "excessiva".

Sem remuneração e sob ameaça de "castigos corporais", a menina limpava banheiros, asseava o chão da casa, lavava e passava roupas, cozinhava e cuidava da louça. A alimentação era condicionada à execução das tarefas.

À noite e nos finais de semana, a menina-índia distribuía panfletos da igreja comandada pela pastora-feitora. A nobre missionária referia-se à explorada infantil com um termo pré-civilizatório: "mucama".

Deus, como se sabe, existe. Porém, considerando-se o comportamento do ser humano, principal obra da criação, Ele talvez não merecesse existir.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.