2014: Cesar Maia admite ser ‘vice’ de Garotinho
Com a ironia que lhe era própria, o cronista Nelson Rodrigues deitou sobre o papel um ensinamento memorável: "O inimigo é um sujeito abominável que deve ser transformado, o mais depressa possível, em amigo de infância".
Ex-adversários irreconciliáveis, Cesar Maia (DEM) e Anthony Garotinho (PR) confirmam Nelson Rodrigues. Estreitam a inimizade. No próximo dia 27, a moldura dessa reaproximação vai ganhar o adorno de uma foto.
Em ato público, a dupla vai posar ao lado dos respectivos descendentes políticos: Rodrigo Maia (DEM), candidato à prefeitura do Rio, e Clarissa Garotinho (PR), candidata a vice.
Em entrevista à repórter Rozane Monteiro, Cesar Maia admitiu sob holofotes algo que Anthony Garotinho sussura à sombra: o casamento de 2012 pode dar à luz um filhote em 2014.
Três vezes ex-prefeito do Rio, hoje candidato a vereador, Cesar Maia admite compor, na condição de vice, uma chapa encabeçada por Garotinho em 2014.
Ele reproduziu uma frase dita a Garotinho num dos encontros reservados que mantiveram: "Eu não tenho nenhum tipo de restrição ou dificuldade de amanhã, conforme as circunstâncias, ser seu vice."
A coisa vai depender, segundo o mandachuva do DEM fluminense, de como ele, seu novo amigo de infância e os respectivos rebentos passarão por 2012.
Escorando-se no nome de seu evangélico neoparceiro –Anthony William Matheus Garotinho—, Cesar Maia extrai do primeiro livro do Novo Testamento, o Evangelho de Mateus, um lenitivo para a ansiedade.
Ele recita o versículo 34 do capítulo 6 de Mateus: "Não vos inquieteis pelo dia de amanhã. O dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta para cada dia o seu mal."
Em seguida, explica-se: "Então, o 'dia' de 2012 é o 'dia' que você tem que viver. Esse 'dia' de 2012 é que vai produzir as consequências para 2014."
Deve-se a união de Cesar e Garotinho, quase tão surpreendente quanto a junção iminente de Gilberto Kassab com o petismo em São Paulo, a uma necessidade política.
No Rio, o DEM do ex-prefeito e o PR do ex-governador enfrentam a aliança tática do PMDB do governador Sérgio Cabral com o PT de Lula, Dilma Rousseff e Cia..
Em 2012, a aliança PMDB-PT comparecerá às urnas reunida ao redor do prejeto reeleitoral do atual prefeito Eduardo Paes, um pemedebê egresso do tucanato.
Guiando-se por pesquisas, Cesar Maia aposta que a chapa filial de Rodrigo e Clarissa irá ao segundo turno. Seja qual for o resultado, Garotinho, o pai, equipa-se para disputar o governo em 2014.
A bordo de seu segundo mandato, Sérgio Cabral não poderá concorrer. Empina, desde logo, a candidatura de seu vice, conhecido pelo sugestivo apelido de Pezão.
Os pés número 44 do preferido de Cabral terão de caminhar sem o PT, que programa-se para lançar a candidatura do senador Lindbergh Farias. Garotinho imagina que a divisão o favorece.
O novo amigo Cesar cuida de inflar-lhe o ego: "O Garotinho é um pré-candidato a governador muito forte. Ele é o fantasma do Pezão. Pezão faria de tudo para que essa nossa coligação fosse rompida". Por quê?
"Onde o Pezão tem expectativa de voto o Garotinho é campeão de voto. O Pezão, na capital não vai ganhar nada. Então, ele fica naquela ansiedade, porque essa dobradinha PR-DEM em 2012 é uma dobradinha que, fortalecendo o PR, nos fortalecendo, debilita o PMDB."
Em outro ensinamento lapidar, Nelson Rodrigues anotou: "Não há admiração mais deliciosa do que a do inimigo." Cesar Maia, de novo, dá-lhe razão.
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