PR e PDT desafiam Dilma na 1a votação do ano
Ainda desatendidos no rateio dos ministérios, o PR e o PDT criaram um embaraço para Dilma Rousseff já na primeira votação de 2012. Associaram-se ao PSDB, para travar a análise do projeto que cria o Funpresp, fundo de previdência complementar dos servidores públicos.
Dilma elegeu essa proposta como prioridade zero do ano. Ordenou à ministra Ideli Salvatti (Coordenação Política), que providenciasse para que o fundo fosse ao topo da pauta de votações da Câmara. Ideli repassou a bola aos líderes dos partidos que integram a coalizão oficial.
Acertou-se que o processo de votação seria aberto na tarde de terça (7) e concluído nesta quarta (8). Em seguida, o projeto seguiria para o Senado. Tudo a toque de caixa. A tática começou a desandar numa reunião coordenada pelo presidente da Câmara, o petê Marco Maia (RS).
Maia chamou à sua sala todos líderes –os de legendas governistas e também os de partidos de oposição. Como faz todo início de semana, tentou organizar uma pauta consensual. Os operadores do Planalto sugeriram que o Funpresp fosse ao primeiro lugar da fila.
Bruno Araújo (PE), novo líder do PSDB, discordou. Disse que sua bancada precisa de tempo para analisar a proposta. Uma peça que tramita no Legislativo desde 2007. Propôs que a votação fosse adiada para o final do mês –dias 28 e 29 de fevereiro. Do contrário, o tucanato iria à obstrução.
De repente, sobreveio a surpresa. Líder do PR, o pseudo-aliado Lincoln Portela (MG) tomou distância do governo, associando-se à tese protelatória do PSDB. Soou mais peremptório que o líder do DEM, ACM Neto (BA), que apenas insinuou concordância com o parceiro de oposição.
Líder do PDT, o deputado André Figueiredo (CE) fez pior: anunciou que sua bancada planeja votar contra o projeto que Dilma guindou à condição de prioritário. Juntos, PR e PDT controlam 62 votos no painel eletrônico da Câmara. O governo acusou o golpe.
Cândido Vaccarezza (PT-SP), o líder de Dilma na Câmara, levou o pé ao freio. Desistiu da ideia de abrir a discussão do projeto já na terça. Na noite passada, o Planalto operava para tentar inaugurar o processo nesta quarta. Se conseguir, o Funpresp vai a voto no início da semana que vem.
Na ponta do lápis, o governo dispõe de maioria para prevalecer mesmo sem os votos do PR e do PDT. O problema é que, vitaminado pelos neoaliados, o PSDB ganha musculatura para fazer da obstrução um suplício. Algo que, além de arrastar o processo, exporia as trincas do bloco pró-Dilma.
Deve-se o comportamento atípico do PR à recusa de Dilma de devolver à legenda o controle do Ministério dos Transportes. Uma pasta da qual foi apeado, sob denúncias de corrupção, o presidente da legenda, senador Alfredo Nascimento.
Conforme já noticiado aqui, Nascimento conduz um debate interno para decidir que apito tocará o PR no Congresso. "Ou somos governo ou somos oposição. No meio do caminho não dá mais", diz. No gogó, o PR declarara-se no ano passado "independente". Na prática, vinha entregando seus votos a Dilma.
Quanto ao PDT, parte da aversão ao projeto do Funpresp é atribuída a convicções doutrinárias. Outra parte se deve à demora de Dilma em definir o nome substituto de Carlos Lupi, o grão-pedetê que foi ejetado da poltrona de ministro do Trabalho envolto em bruma de variadas suspeições.
Enquanto isso, fica pendente de solução a encrenca da aposentadoria do funcionalismo, hoje integralmente bancada pela Viúva. Pelas contas oficiais, os cerca de 950 mil servidores federais respondem por R$ 56 bilhões do déficit nas contas da Previdência.
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