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Josias de Souza

Carlos Lupi tornou-se o desnecessário irreversível

Josias de Souza

18/02/2012 17h12

Carlos Lupi arranjou um emprego. Ou, por outra, deram-lhe uma ocupação. Não, não. Minto. O grão-pedetê ganhou um contracheque. Coisa de R$ 8.511,78 por mês. Dinheiro do contribuinte carioca.

Dois meses depois de expelido do ministério de Dilma Rousseff, o pedetê Lupi foi absorvido na assessoria do prefeito pemedebê Eduardo Paes. Diz-se que derramará o suor em Brasília. Heimmm?!?

Vai "fazer a interação com o governo federal." Como assim? O prefeito "quer que eu faça um trabalho pelos interesses do Rio." Sei, sei… Que interesses? "Possíveis emendas, projetos." Hummmm!!!

Lupi vai "fazer a ponte com Brasília. Como fui ministro e tenho boa relação com todo mundo, vou fazer esse meio de campo." Beleza. Todo mundo tem o direito de encher a geladeira.

Porém, o prefeito quer de verdade é que o PDT de Lupi não deixe de lhe entregar seu tempo de tevê. Planeja usá-lo em sua campanha reeleitoral. Garantido isso, pouco se lhe dá se Lupi fica no meio de campo ou na zaga.

Considerando-se o histórico do neo-assessor –foi servidor fantasma na Câmara federal e na municipal—, não é negligenciável o risco de Lupi dar expediente na penumbra do vestiário.

Pouca gente percebeu. Mas, sem querer, meio que naturalmente, Lupi está a cara do desnecesário. Um desnecessário tornado irreversível, 100% financiado pelo déficit público.

Disse que só sairia de Brasília se fosse abatido a bala. Transformou-se, suprema ironia, em mais uma dessas balas perdidas do Rio de Janeiro.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.