Dilma viaja a São Bernardo para encontrar Lula
Dilma Rousseff voou na surdina de Brasília para São Paulo. Decolou por volta de 13h. A bandeira presidencial, hasteada sempre que a presidente se encontra no Planalto, continuou tremulando no mastro, como se ela não tivesse se ausentado.
Só depois de decorridas mais de quatro horas da decolagem a assessoria da Presidência confirmou a viagem. Àquela altura, Dilma já se encontrava no apartamento de Lula, na cidade de São Bernardo do Campo. Conversaram por cerca de três horas.
O encontro com o ex-soberano não constava da agenda de Dilma. O tema da conversa não foi revelado. Não é preciso ser adivinho, porém, para intuir que devem ter trocado ideias sobre três temas: eleições, eleições e eleições.
Patrono e articulador da candidatura do petê Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, Lula angustia-se com a demora na formação de uma coligação para seu pupilo. Por ora, o PT não logrou atrair um mísero aliado.
Lula jogara suas fichas numa parceria com o PSD de Gilberto Kassab. Achava que, com ele, viriam outros, quase por gravidade: PR, PCdoB, PV, PSB… Sobreveio a candidatura tucana de José Serra. E Kassab roeu a corda que jogara para Lula.
As articulações de São Paulo, que já faziam escala em Brasília, passaram a depender de Dilma. O principal lance envolve a devolução do Ministério dos Transportes para o PR. Dilma sempre resistiu.
Nas últimas horas, a presidente passou a tratar a demanda do partido presidido pelo ex-ministro Alfredo Nascimento com uma inédita dose de compreensão. Quem ouve Dilma conclui que ela está a um passo de ceder.
Empurrado para fora dos Transportes pela avalanche de denúncias que se abateu sobre a pasta, o senador Nascimento (AM) já avisou: sem cargos, o seu PR passa a enxergar as composições municipais com outros olhos: "A careca do Serra é linda".
É contra esse pano de fundo envenenado que ocorre a conversa de Dilma com Lula. Dependendo do modo como manusear a caneta nos próximos dias, a presidente pode transformar em lorota a pregação segundo a qual a máquina federal ficará fora dos palanques municipais.
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