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Josias de Souza

Kit anti-homofobia: Crivella livra cara de Haddad

Josias de Souza

04/03/2012 21h18

Menos de 72 horas depois de tomar posse no cargo de Ministro da Pesca, o bispo-senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) começou a fazer o que Dilma Rousseff e o PT esperam dele: defendeu Fernando Haddad, o petista que Lula indicou para disputar a prefeitura de São Paulo.

Crivella isentou Haddad de 'culpa' no caso do kit anti-homofobia. O material foi produzido no ano passado, sob o patrocínio do Ministério da Educação, supostamente gerido na época por Haddad. Seria distribuído nas escolas.

Serviria para mostrar à criançada que homossexualismo não é pecado. Uma virulenta reação da bancada da Bíblia no Congresso fez com que o obscurantismo prevalecesse sobre a pedagogia. Por ordem de Dilma, a iniciativa foi cancelada.

Neste domingo (4), em visita a colônias de pescadores, no Rio de Janeiro, Crivella disse que Haddad "jurou, com os pés juntos, que não produziu" o kit diabólico. Hã?!? Ele "disse que foi uma ONG contratada pelo ministério."

A pretexto de ajeitar a situação de Haddad junto ao eleitorado carola, Crivella terminou por convertê-lo num administrador de fancaria. A platéia foi como que estimulada a inquirir os próprios botões.

Quer dizer que o ministério contrata uma ONG para lidar com tema eivado de polêmica, torra dinheiro público e o ministro não sabia? Ora, francamente, quem diabos geria a pasta enquanto Haddad preparava sua candidatura?

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.