ONG fisga R$ 770 mil para criar peixes. E nada!
Onze meses atrás, quando ainda ocupava a cadeira de ministra da Pesca, Ideli Salvatti liberou R$ 770 mil para a Pró-Natureza, uma ONG companheira comandada por um funcionário do governo petista de Agnelo Queiroz (DF).
A verba destinava-se à implantação de um criatório de peixes em Planaltina, uma cidade-satélite de Brasília. No papel, o projeto estaria implantado nesta quarta-feira (4). No local onde deveriam existir os tanques de peixes, brotam mandiocas.
Deve-se a revelação à reporter Alana Rizzo. Ela conta que, além de não entregar o prometido, a ONG tenta fisgar na pasta da Pesca uma verba adicional. Coisa de R$ R$ 224,7 mil.
O aditivo contratual foi solicitado a Luiz Sérgio (PT), que sucedeu Ideli na Pesca. Como ele já rodou, a ONG endereçou ao novo ministro Marcelo Crivella, há duas semanas, um ofício renovando o pedido de aditivo contratual.
Em nota, o ministério defendeu a viabilidade do projeto. Um indício de que a verba extra deve ser liberada. Procurada, Ideli alegou que o contrato com a ONG foi assinado antes da chegada dela no ministério.
A assessoria de Ideli informou: "Uma vez que não havia qualquer suspeição, a ministra não poderia se negar a pagar o convênio, correndo o risco de responder por não cumprir os compromissos firmados na gestão anterior."
Em essência, Ideli utiliza para os peixes inexistentes o mesmo argumento usado no caso das lanchas inservíveis: como titular da Pesca, a ministra não fez senão tocar projetos acertados pelo antecessor petê Altemir Gregolim.
Quer dizer: se ao chegar na pasta da Pesca Ideli tivesse dado de cara com uma portaria determinando que deveria pular num precipío, ela decerto ouviria a consultoria jurídica do ministério. Não havendo objeções, saltaria no abismo.
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