Grampos insinuam que Cachoeira mandou uma caixa com dinheiro à sede do governo de Goiás
O Guardião, sistema de escutas telefônicas da Polícia Federal, gravou em 10 de junho do ano passado conversas nas quais Carlinhos Cachoeira combina com integrantes de sua quadrilha a entrega de uma caixa contendo dinheiro.
O título do relatório sigiloso no qual a PF resume o conteúdo dos diálogos é explícito: "Entrega de dinheiro no palácio do governo de Goiás." O destinatário da verba seria o governador tucano Marconi Perillo. Ele nega.
O blog QuidNovi, do jornalista Mino Pedrosa, ex-empregado de Cachoeira, veiculou um lote de áudios. Num deles, o pós-bicheiro conversa com Geovani Pereira da Silva, apontado pela PF como tesoureiro da quadrilha.
Garcez pergunta a Cachoeira se pode enviar a encomenda para o "Waldimir" por meio de um portador (Gleyb Ferreira da Cruz). O contraventor autoriza. E faz uma recomendação: "Manda ele esconder aí." E o tesoureiro: "Tá numa caixa de computador."
O "Wladimir" mencionado no diálogo é, de acordo com a PF, um ex-vereador do PSDB de Goiânia, Waldimir Garcez. Foi ele, de acordo com os indícios recolhidos pelas interceptações telefônicas, quem fez a entrega do dinheiro.
Pouco depois, numa segunda conversa, Cachoeira informa a Geovani onde a caixa deveria ser entregue: "Cê contou?", Cachoeira pergunta. "Cabei de conferir", o interlocutor responde. E o bicheiro: "Então lacra aí, manda entregar pro Waldimir lá na praça lá. Ele tá na praça lá perto dopalácio. Fala pra ele passar lá e deixar."
Noutro grampo, Cachoeira conversa com o próprio Wladimir. Ele informa que está no palácio. Aguardava pela oportunidade de avistar-se com o governador. "Acho que lá pelas quatro e meia, tem dois deputados ainda", ele diz.
Wladimir informa a Cachoeira que o "tenente", supostamente o ajudante de ordens de Perillo, lhe pediu para "ficar próximo". Quando chegasse a sua vez, avisaria. Nessa conversa, o bicheiro cita textualmente o nome de "Marconi."
A PF não faz menção a valores no seu relatório. Ao resumir um dos diálogos de Cachoeira com o contador Geovani, o documenta anota: "cruzar com movimentação financeira – provável grande quantidade $" (veja no documento abaixo)
Marconi Perillo manifestou-se por meio de nota. Escreveu: "É irresponsável, leviana, inverídica e despropositada esta história toda. Associar meu nome a práticas ilegais, sem conexão com a realidade denota irresponsabilidade deliberada. Rechaço veementemente qualquer insinuação ou afirmação neste sentido."
Acrescentou: "Nunca houve esse encontro, nunca tratei no palácio de quaquer assunto que não fosse de interesse do governo de Goiás. Não há a menor lógica ou verdade nesta afirmativa, este assunto é esdrúxulo."
Como que farejando o inevitável, o próprio PSDB apresentou na primeira reunião da CPI do Cachoeira, realizada nesta quarta (25), um requerimento de convocação de Perillo. A legenda alega que o governador manifestou o interesse em esclarecer os fatos.
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