Lula aparece de bengala em evento do BNDES
Alquebrado pelo tratamento contra o câncer na laringe, Lula adornou sua indumentária com um adereço novo. Compareceu a um seminário no BNDES, no Rio, escorando-se numa bengala.
Deve-se a adesão à peça, segundo a assessoria, à fraqueza de Lula. As sessões de químio e radioterapia, encerradas no final de março, roubaram-lhe 18 quilos, dos quais só recuperou uma parte.
Lula chegou ao auditório do BNDES acompanhado de Sérgio Cabral (PMDB). Tisnado pelos vídeos e fotos que desnudaram sua intimidade com Fernando Cavendish, dono da incômoda Delta, o governador do Rio pegou carona nos aplausos dirigidos a Lula.
Batizado de "Investindo na África: Oportunidades, desafios e Instrumentos para a Cooperação Econômica", o seminário é parte do calendário de festejos dos 60 anos do BNDES. Afora a bengala, Lula exibiu à platéia outra novidade. Ao discursar, absteve-se do tradicional improviso. Ateve-se à leitura de um texto preparado pela assessoria.
Referiu-se ao continente africano como uma fronteira de oportunidades. Para ele, o Brasil deve achegar-se à África sem a pretensão de impor modelos. "Não queremos hegemonia, queremos parceria", disse (a íntegra do discurso está disponível aqui).
Presidente do BNDES desde a gestão Lula, o economista Luciano Coutinho ecoou Lula. Instou os empresários presentes a abrir os olhos para uma África "repleto de oportunidades."
Lembrou que, antes da crise global de 2008, o continente crescia a taxas de 6% ao ano. Para 2012, projeta-se um crescimento de 5,5%. Para os anos subsequentes, disse Coutinho, o potencial é 5%.
Lula aproveitou a oportunidade para reiterar as críticas à fórmula fiscal adotada pelas nações desenvolvidas da Europa para se contrapor à crise. Disse que premiam os "reais culpados" pela encrenca e punem as "vítimas": "Os países ricos deram para o sistema financeiro todo o apoio, e para os mais pobres nenhum socorro."
Terminado o seminário, Sérgio Cabral deixou a sede do BNDES por uma rota de fuga. Aguardava-o na saída reservada às autoridades uma equipe de reportagem. Para esquivar-se dos microfones, a autoridade maxima do Estado do Rio saiu por uma porta lateral.
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