PT quer levar Marconi à CPI, PSDB alega que a convocação só faz sentido com Agnelo e Cabral
Guiados por PT e PSDB, governistas e oposicionistas travam nos subterrâneos da CPI do Cachoeira um embate paralisante. Envolve a decisão de convocar ou não os governadores que tiveram seus nomes associados ao escândalo.
O petismo deseja arrastar para o banco da CPI o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). O tucanato concorda, desde que sejam convocados também os governadores do DF, Agnelo Queiroz (PT); e do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
"Defendemos que a convocação dos governadores seja decidida numa única votação", diz o senador Álvaro Dias, líder do PSDB. Eles querem o Marconi, nós queremos votar junto os outros dois. Regimentalmente, é possível votar em bloco."
Nesta terça (8), a CPI inicia a fase de inquirições. Será ouvido o delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques Souza. Foi ele quem conduziu as investigações que levaram à Operação Vegas, a primeira deflagrada contra a quadrilha de Carlinhos Cachoeira.
Na quinta (10), vão aos holofotes da CPI mais um delegado federal e dois procuradores da República que tocaram a Operação Monte Carlo, a segunda investigação do Cachoeiragate, aberta para esmiuçar os indícios colecionados na ação anterior.
Os depoimentos estão previstos no plano de trabalho do relator Odair Cunha (PT-MG). Nesse cronograma, o ápice será atingido na terça-feira (15) da semana que vem, dia em que Cachoeira comparecerá à CPI.
Numa tentativa de postergar a discussão sobre os governadores, Odair empurrou a encrenca com a barriga. Programou apenas para 12 de junho uma "audiência pública" para debater as relações de Cachoeira com os executivos estaduais. Não mencionou no texto o nome de nenhum governador.
A tática protelatória resultou inútil. Os porões da CPI encontram-se eletrificados pela queda de braço que envolve a oitiva dos governadores e do dono da Delta Construções, Fernando Cavendish, também excluído, de forma inexplicável, do plano de ação do relator.
As operações da PF levaram à grelha o tucano Marconi e o petista Agnelo. A anunciada intenção do procurador-geral da República de pedir ao STJ a abertura de inquéritos contra ambos joga água no moinho da convocação coletiva.
Deve-se a inclusão de Cabral na chapa da CPI à divulgação dos vídeos e fotos que expuseram a intimidade dele com Cavendish. O PMDB, partido de Cabral, pega em lanças por seu filiado.
Líder da legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) argumenta que as imagens difundidas pelo deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) não fizeram senão confirmar algo que Cabral já havia admitido: a amizade com o dono da Delta.
Não há nas peças, segundo Henrique, nada que aponte para a existência de irregularidades nos contratos obtidos pela Delta na gestão de Cabral. Portanto, a convocação do governador "não se justifica".
Interessado em atrair o PMDB para o cinturão protetor de Agnelo, o PT endossa a pregação de Henrique, afastando Cabral da alça de mira da CPI. O petismo tenta, de resto, atrair para o escudo o restante da banda governista da CPI. Unido, o condomínio oficial controla 65% das 32 cadeiras da comissão.
O risco que se esconde atrás desse tipo de enfrentamento é a costura de acordos que, no limite, podem levar à exclusão dos três governadores do rol de depoentes. Nessa hipótese, a pantomima seria explicitada. E a platéia, como de hábito, faria novamente o papel de boba.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.