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Josias de Souza

Sobre o caso do mensalão, o maduro e o podre

Josias de Souza

02/06/2012 19h31

Discorrendo sobre o caso do mensalão, o ministro Carlos Ayres Britto, presidente do STF, disse: "O que a sociedade quer é compreensível: o julgamento do processo, sem predisposição, seja para condenar, seja para absolver. O processo está maduro, chegou a hora de julgá-lo."

Ex-procurador da República, eleito senador depois de passar 15 anos fornecendo matéria prima para os julgamentos do Judiciário, Pedro Taques (PDT-MT) discorda de Ayres Britto: "O processo do mensalão está passando de maduro, já está quase podre."

Taques escora sua avaliação na atmosfera de "mexerico e fococa" que se seguiu ao encontro do ministro Gilmar Mendes com Lula, no escritório do ex-ministro e ex-presidente do Supremo Nelson Jobim. Gilmar insinuou ter sido chantageado por Lula para retardar o julgamento do mensalão. Lula e Jobim negaram.

Taques e a torcida do Flamengo acham que "alguém está mentindo." Para o senador, o processo do mensalão, que deveria ser objeto apenas da análise técnica dos julgadores, converteu-se em "bate-boca de boteco." Algo que "a República não merece."

De fato, ninguém merece. Mas a encrenca deixa um ensinamento: quando apressam o julgamento de um processo premidos pelas ruas, os magistrados arriscam-se a errar o alvo. Quando retardam demasiadamente o julgamento de um processo a ponto de incendiar o asfalto, viram alvo.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.