Dilma foi monitorada pelo SNI na gestão Sarney
Presa e torturada pela ditadura militar, Dilma Rousseff continuou sob monitoramento do aparato de espionagem estatal nos primeiros anos do Brasil redemocratizado, quando respondia pela Presidência da República José Sarney.
É o que revelam documentos disponíveis no Arquivo Nacional. Foram organizados num banco de dados chamado 'Acervo da Ditadura'. Mais de oito milhões de páginas. Coisa produzida durante o regime militar e na Era Sarney.
Ao mergulhar no papelório, o repórter Rubens Valente apalpou 181 documentos com menções a Dilma. As referências começam em 1968 e se estendem até o final dos anos 80 –aparecem em 17 documentos preparados pelo SNI (Serviço Nacional de Informações) na época em que Sarney era o inquilino do Planalto.
Nessa fase pós-ditadura, o SNI mobilizava arapongas e torrava dinheiro público para colecionar dados inúteis. Num texto, por exemplo, Dilma é retratada como peça de uma "infiltração comunista" em órgãos da prefeitura e do governo do Rio Grande do Sul. Deu-se realce à passagem dela por grupos da esquerda armada: VAR-Palmares e Colina.
Noutro relatório, lê-se que Dilma atuava em movimento feminista que, no dizer do SNI, almejava "a conscientização das massas, pretendida por facções esquerdistas que almejam o poder." Bem verdade que a espionada chegou ao poder pelas mãos masculinas de Lula. Mas a arapongagem, sem querer, revelou-se premonitória.
Vigiou-se Dilma também numa viagem ao México. Os espiões acompanharam-na ainda num comício de 1988, contra a ampliação do mandato de Sarney. Nesse ato, a 'subversiva' estava acompanhada de outro personagem molesto: Lula.
Procurado, Sarney, hoje um fervoroso aliado do governo Dilma, manifestou-se por meio da assessoria. Mandou dizer que ordenara ao SNI que não realizasse "levantamentos sobre a vida privada" de "nenhum brasileiro". O Planalto, agora sob o comando da ex-vigiada, preferiu não comentar. Abaixo, um extrato dos papéis:
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