CPI já detectou uma movimentação de R$ 59 mi em empresa de fachada do esquema Cachoeira
Longe dos refletores, técnicos que assessoram a CPI do Cachoeira realizam um mergulho nos dados bancários já disponíveis na sala-cofre da comissão. Participam do mapeamento servidores cedidos pelo Banco Central. O trabalho mal começou e já resultou na descoberta de cifras surpreendentes.
Um dos envolvidos na análise dos extratos contou ao blog na noite passada o seguinte: apenas nas contas bancárias da Alberto&Pantoja Construções, principal empresa de fachada do esquema de Carlinhos Cachoeira, já foi detectada uma movimentação de cerca de R$ 59 milhões.
Até aqui, sabia-se que a Delta Construções havia repassado à Alberto&Pantoja algo como R$ 26 milhões. Deve-se a elevação da cifra à descoberta de repasses feitos por outras empresas, cujos nomes são mantidos, por ora, em segredo.
Afora o dinheiro da Delta, detectaram-se R$ 22 milhões provenientes de outros depositantes. De resto, há R$ 11 milhões cuja origem a CPI ainda não descobriu. Os técnicos queixam-se de falta de padronização dos dados. Para eliminar as lacunas, a equipe está contactando diretamente os bancos.
Somando-se os R$ 59 milhões da Alberto&Pantoja aos já detectados R$ 13 milhões que a Delta depositou na Brava Construções, outra firma de fancaria de Cachoeira, chega-se à cifra parcial de R$ 72 milhões.
Os técnicos estimam que, considerando-se os dados ainda pendentes de análise, o caixa subterrâneo da quadrilha passará dos R$ 100 milhões. Tenta-se esquadrinhar, além da origem, o destino da dinheirama.
Noutra frente, deve ser constituída uma força-tarefa para mastigar os áudios captados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. A partir desta sexta (22), os computadores instalados na sala-cofre da CPI serão abastecidos com 54 arquivos novos.
Foram recolhidos pelo próprio relator da CPI, o deputado Odair Cunha (PT-MG), que esteve na 11a Vara Criminal, em Goiânia. Os arquivos contêm a íntegra dos diálogos grampeados pelos agentes da Monte Carlo.
O blog alcançou Odair, pelo celular, no instante em que ele viajava de carro de volta para Brasília, de carro, na noite passada. Ele explicou que, com a nova aquisição, a CPI passa a dispor "dos áudios inteiros, sem nenhum tipo de filtro."
Até aqui, só haviam chegado à comissão as interceptações telefônicas que constavam dos processos judiciais –o que corre no STF, contra Demóstenes Torres, e o que tramita na Justiça de Goiás, contra Cachoeira e o resto da quadrilha.
"Como nossa investigação é mais ampla, é importante que tenhamos a oportunidade de analisar o inteiro teor dos áudios, incluindo os trechos que não foram anexados aos processos", disse Odair.
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