CPI recebe um lote de extratos da Delta: R$ 7 bi
Técnicos do Prodasen, serviço de processamento de dados do Senado, levaram aos computadores da CPI do Cachoeira um lote de informações bancárias da Delta Construções. Chegaram na semana passada. Referem-se à quebra do sigilo das contas da matriz da empreiteira, sediada no Rio. Cobrem um período de dez anos. E registram uma movimentação de mais de R$ 7 bilhões.
Sem estrondos, as cifras começaram a ser apalpadas pelos congressistas da CPI na sexta-feira (6). Começa nesta semana a tarefa mais intrincada. Com o auxílio dos respectivos assessores, deputados e senadores tentarão refazer o caminho do dinheiro da Delta –de onde veio e, sobretudo, para onde foi.
É desse trabalho, realizado atrás das cortinas, que podem sair os dados que darão rumo à CPI, não dos depoimentos teatrais colhidos sob holofotes no palco da comissão. Logo de saída, verificou-se que a empreitada exige cuidado e método. Numa primeira análise, esbarrou-se num equívoco trilionário.
A assessoria do líder tucano Alvaro Dias, uma das primeiras a correr os olhos sobre os dados da Delta, espantou-se com a disparidade entre o volume de dinheiro que ingressara nas contas da empreiteira –cerca de R$ 1,4 trilhão— e o montante sacado –pouco mais R$ 7 bilhões.
Acionado, Alvaro Dias chegou a telefonar para o Banco Central, que prometeu verificar o que se passava. Porém, antes que a autoridade monetária se pronunciasse, a equipe técnica da própria CPI se deu conta de que havia sido cometido um erro na hora de transpor os dados recebidos dos bancos para as máquinas do Senado.
Refeitos os lançamentos, as colunas de ingresso e de saída ficaram do mesmo tamanho. "Os números eram alucinantes. Era evidente que havia um erro", relatou o líder tucano ao repórter. Depois da correção, chegou-se ao equilíbrio entre o que entrou como crédito e o que saiu. Ficou em pouco mais de R$ 7 bilhões."
Nesta terça (10), enquanto seus assessores estarão mergulhados no mar de cifras, os membros da CPI interrogarão mais um personagem pilhado às margens do escândalo Cachoeira. Vai ao banco da CPI o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), estrela de um vídeo içado à superfície há dez dias.
Raul aparece na peça negociando verbas de campanha com Cachoeira. Em troca, oferece "oportunidades" de negócios ao contraventor. Eleito em 2008, o prefeito petista contratou a Delta para realizar a coleta de lixo na capital do Tocantins. Investigações realizadas pelo Tribunal de Contas de Goiás e pelo Ministério Público verficaram que os contratos cheiram mal.
Raul deve repetir na CPI o que disse em entrevistas. Cachoeira, de fato, custeou um showmício e borrifou R$ 150 mil nas arcas de sua campanha. Mas os contratos com a Delta, sustenta o prefeito, são regulares. Quer dizer: desse mato não sairá coelho. É na moita dos extratos que se escondem os repasses a empresas de fancaria, as propinas, as contribuições ao caixa dois eleitoral e outros bichos.
Dono da Delta, o empreiteiro Fernando Cavendish também foi convocado a depor na CPI. O requerimento que prevê sua presença foi aprovado na semana passada, num arrastão que incluiu o prefeito Raul Filho, Luiz Antonio 'Dnit' Pagot e Paulo 'Dersa' Preto. Mas Cavendish e os demais só serão chamados a depor depois do recesso legislativo do meio do ano, de agosto em diante.
O mandachuva da Delta já mandou dizer que não cogita abrir o bico. Vai servir-se do direito constitucional de não se auto-incriminar. De novo: ou a CPI mergulha no mar dos extratos ou tende a afogar-se na parte rasa do caso Cachoeira.
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