Eduardo Campos janta com Dilma e declara paz
Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB federal, jantou com Dilma Rousseff na noite passada. Estreitaram a inimizade. O visitante deixou o Palácio da Alvorada declarando-se em "paz" com o PT, legenda contra a qual o seu PSB guerreia em três praças estratégicas: Recife, Fortaleza e Belo Horizonte.
Recostaram os cotovelos na mesa do jantar, além de Eduardo e Dilma, o governador cearense Cid Gomes (PSB) e um par de ministros do PT: Ideli Salvatti (Coordenação Política do Planalto) e Paulo Bernardo (Comunicações).
Deve-se a presença do paranaense Paulo Bernardo a uma outra batalha que os pacificados PSB e PT travam na cidade de Curitiba. Ali, o partido de Eduardo guerreia pela reeleição do prefeito Luciano Ducci (PSB), numa coligação que inclui o PSDB. E a legenda do ministro pega em lanças pelo candidato Gustavo Fruet (PDT), um ex-tucano que fez fama no antipetismo.
Para justiticar o lero-lero pacifista, Eduardo Campos declarou aos microfones que o aguardavam na saída do repasto: "Entendemos que a parceria nacional, para tocar em frente o Brasil, é maior do que as eleições municipais. Temos que saber conviver com essa diversidade no campo político. O povo é que vai se posicionar com o seu voto."
Paulo Bernardo ecoou o adversário cordial: "Não podemos misturar eleição municipal com o contexto nacional." No mais, o mandachuva do PSB cuidou de acarinhar Dilma: "Temos enorme simpatia pelo governo dela."
Tomado de inaudita desconfiança, um dos repórteres perguntou a Eduardo se as frentes de batalha que distanciam o PSB do PT não seriam um prenúncio da antecipação do seu projeto presidencial de 2018 para 2014. "A base da democracia é o contraditório", disse o governador.
Preocupou-se em acrescentar que "não existe campo político" para sua candidatura ao Planalto. Ficou subentendido que pode vir a existir. Perguntou-se também a Eduardo Campos o que acha da possibilidade de Lula emprestar o seu prestígio aos candidatos do PT. Algo que ele insinua que fará em Recife.
Eis a resposta: "O Lula está acima de qualquer partido, é uma referência do povo. A gente não pode transformar o Lula em instrumento de luta política." Dito de outro modo: nas localidades em que mede forças com PSB, o PT pode tudo, menos utilizar o seu artefato atômico.
A paz não é senão um entreato. Vigora até o surgimento da próxima escaramuça. Se 2012 ensina alguma coisa é que o PSB está fadado a enfrentar o PT numa contenda nacional. Pode ser em 2018. Mas, tomado pelo ritmo militar, Eduardo Campos se equipa para aproveitar eventuais oportunidades que a conjuntura possa lhe oferecer nos próximos dois anos.
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