PMDB já articula sua fusão com ‘3 ou 4’ partidos
De passagem por Belo Horizonte, o senador Valdir Raupp (RO), presidente em exercício do PMDB federal, anunciou: "Já existem conversas bastante adiantadas com alguns partidos para, logo após as eleições, sentarmos para discutir uma fusão de partidos com o PMDB."
Raupp esquivou-se de revelar as siglas que cogitariam embarcar no ônibus do PMDB. Limitou-se a dizer que são três ou quatro. Perguntou-se ao senador se os potenciais agregados são governistas. E ele, algo enigmático: "Não necessariamente."
Há hoje no país 30 partidos políticos com registro no TSE. Raupp sugere que a saturação seria a mola da fusão: "Não dá mais para aguentar essa quantidade de partidos. A cada eleição é aliança para cá, é aliança para lá é uma dificuldade muito grande para se formar uma aliança. [O PMDB] tem aliança hoje com 19 partidos."
Difícil saber o que é pior, se o excesso de partidos ou a escassez de oposição. Democracia sem contraditório pode ser qualquer coisa, menos democracia. A lipoaspiração promovida pelo PSD no DEM e adjacências já havia insinuado um movimento deletério. Confirmando-se os prognósticos de Raupp, a hipertrofia governista será levada às raias do paroxismo.
Pode-se dizer quase tudo do PMDB. Só não se pode afirmar que a legenda tenha feito um minuto de oposição desde 1985, quando o Brasil se redemocratizou. Gigante paradoxal, o PMDB não tem nem esboça o desejo de ter um presidenciável para chamar de seu. Cultiva sua vocação para o subalterno papel de linha auxiliar.
A ser verdade que legendas oposicionistas flertam com o PMDB, a coisa estaria mais para adesão do que para fusão. Convém deixar de sobreaviso o Ibama. Antes de salvar o mico-leão dourado, é preciso resgatar a oposição. Sob pena de extinção da espécie.
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