Defesa admite dinheiro de Maluf na ilha Jersey
Acusado de remeter para o exterior verbas sujas amealhadas na época em que foi prefeito de São Paulo, o neo-petista Paulo Maluf cansou de repetir que não possui dinheiro em contas bancárias abertas no estrangeiro. A serviço da família Maluf, advogados desmentem o chefe do clã nos autos de um processo que corre na Justiça de Jersey, ilha britânica do Canal da Mancha.
Nesse processo, a prefeitura de São Paulo tenta reaver US$ 22 milhões desviados de obras municipais entre 1993 e 1996, sob Maluf. De olho no andamento do caso, o repórter Jamil Chade conta que, em documentos anexados aos autos, os doutores contratados pelos Maluf reconhecem que a família controlava as empresas offshore em cujas contas a grana foi parar.
Mais: os advogados admitem que parte do dinheiro decorre de "comissões" amealhadas pelo próprio Maluf. Nada a ver com corrupção, naturalmente. Alega-se que o ex-prefeito teria intermediado a venda de empresas. De resto, os advogados anotam: "Admite-se que o sr. Flávio Maluf [filho do protagonista] era o diretor da Durant e da Sun Diamond Limited [as logomarcas abertas no exterior]."
Levada ao freezer por decisão judicial, a verba de Jersey terá seu destino definido pelo juiz Howard Page. Os Maluf afirmam que se trata de dinheiro limpo. A prefeitura sustenta o contrário. Prevalecendo no processo, o município terá o numerário de volta. Do contrário, babau.
Beneficiário do apoio de Maluf na disputa pela cadeira de prefeito paulistano, Fernando Haddad, o pupilo de Lula, deve olhar para Jersey como um zarolho. Com um olho, vê que seria bom chegar à prefeitura com um reforço de caixa de US$ 22 milhões. Com o outro, enxerga os danos que a eventual condenação de Maluf provocará em sua campanha. Infelizmente, esse é um tipo de estrabismo para o qual a oftalmologia ainda não encontrou uma saída.
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