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Josias de Souza

‘Os políticos me odeiam’, diz Joaquim Barbosa

Josias de Souza

03/09/2012 03h06

A fama é um monstro insidioso. Quando sobe à cabeça devora o discernimento. Joaquim Barbosa, o relator do mensalão, passou a ser perseguido pela coisa. Foge dela como os réus dos seus votos.

Cultuado pelo rigor servido em fatias nas sessões do STF, Barbosa não dá um passo além do meio-fio sem a companhia da fama. Na noite de sábado, ela o assediou na festa de aniversário de uma amiga, em Brasília.

Convertido em centro das atenções, Barbosa viu o monstro materializar-se à sua frente numa insinuação de que poderia trocar a toga pela política. Exorcizou-o: "Eu não me empolgo com essa notoriedade. Os políticos me odeiam por isso."

Na véspera, numa solenidade realizada no STJ, o magistrado fora abordado por duas mulheres. Expressando-se pela boca de uma delas, o monstro chamara-o de "nosso herói". E Barbosa: "Que é isso, gente, sou só o barnabé do processo."

Aparentemente, o ministro conserva intacta a noção de que Justiça é a busca da Verdade, não da vaidade. Melhor assim. Na sua posição, o modo mais adequado de lidar com o cerco da fama é dando no pé.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.