Para consolidar-se como ator nacional, Eduardo Campos prepara debate sobre ‘crise econômica’
Vitaminado pelas urnas, o governador de Pernambuco e presidente do PSB federal reuniu a cúpula do seu partido. Cultor de um não declarado projeto presidencial, ele anunciou os próximos passos da legenda. Passado o segundo turno das eleições municipais, deseja capitanear um debate sobre temas nacionais –da crise econômica à redivisão do bolo tributário entre União, Estados e municípios.
Eduardo anunciou aos membros da Executiva do PSB a realização, já em novembro, de um seminário com os prefeitos eleitos. Deseja avaliar a situação financeira dos municípios. Como que decidido a consolidar-se como ator político nacional, ele esboçou a trilha que pretende percorrer para ultrapassar as fronteiras de Pernambuco, Estado que irá governar até 2014:
"Também iremos promover um grande debate sobre as condições financeiras em que se encontram os municípios, os reflexos da crise internacional na economia brasileira e as consequências que terão as medidas que o governo federal está promovendo em dez setores chaves da área econômica."
Mencionou três temas que pretende atrair para sua agenda pessoal. Um é espinhoso: a redefinição da legislação sobre os royalties do petróleo. Outros dois foram empinados por Dilma Rousseff: a redução das tariafas de energia elétrica e as concessões de portos e ferrovias à iniciativa privada.
No dizer de Eduardo, as urnas de 2012 credenciaram o PSB para abrir o debate "que ninguém quer fazer, mas que envolve questões primordiais." Encrencas "que irão estourar em breve." A pauta, disse ele, "é extremamente densa e difícil." Passa pela "revisão do pacto federativo". Considera "preocuoante" a situação dos fundos que recebem repasses do bolo de tributos recolhidos pela União –o FPM, dos municípios; e o FPE, dos Estados.
Após impor ao PT uma derrota de primeiro turno em Recife, onde elegeu seu "poste" Geraldo Julio, Eduardo cuidou de desanuviar a atmosfera: "Reiteramos mais uma vez: não entraremos em afrontamento direto com o PT, transformando essas eleições numa prévia da disputa de 2014, como vêm tentando setores da mídia e do próprio PT."
A despeito da adoção da agenda de presidenciável, Eduardo evitou acomodar a charrete adiante dos cavalos. Soou providencialmente dúbio ao referir-se à sucessão de Dilma Rousseff. "Nosso foco agora é o segundo turno [das eleições municipais], 2014 será discutido em 2014."
O PSB elegeu no domingo passado 434 prefeitos e 3.556 vereadores. Comparando-se com o desempenho de 2008, cresceu. Há quatro anos, elegera 310 prefeitos e 2.963 vereadores. O partido lida, porém, com uma debilidade geográfica. Afora o triunfo de Recife, prevaleceu apenas noutro município de peso: reelegeu Marcio Lacerda em Belo Horizonte. Um prefeito que está mais associado ao presidenciável tucano Aécio Neves do que a Eduardo.
De resto, o desempenho foi mais vistoso nos três Estados nordestinos governados pela legenda. O PSB elegeu 58 prefeitos em Pernambuco, 53 no Piauí e 39 no Ceará. No Sudeste, além de Belo Horizonte, prevaleceu apenas em três cidades com mais de 150 mil eleitores: São José do Rio Preto (SP), Limeira (SP) e Serra (ES). Para uma agremiação que tem pretensões presidenciais, é pouco.
Numa tentativa atenuar a debilidade, Eduardo decidiu jogar suas fichas nas sete cidades em que o PSB foi ao segundo turno, em várias delas contra o PT. São três capitais: Fortaleza, Cuiabá e Porto Velho e quatro municípios assentados na estratégica região Sudeste. Duas no Rio –Duque de Caxias e Petrópolis— uma em Minas –Uberaba—e outra em São Paulo— Campinas.
Eduardo declarou que o PSB vai "destacar companheiros da direção nacional" para acompanhar os candidatos que sobreviveram na disputa, participando "intensamente" das campanhas. Ele próprio planeja correr o país. Não parece afeito à ideia de desperdiçar a sua hora.
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