Lula orienta PT a adiar reação sobre mensalão
Sob orientação de Lula, a cúpula do PT adiou para depois do segundo turno das eleições municipais a reação do partido às condenações impostas pelo STF no julgamento do mensalão. Tenta-se atenuar os efeitos das sentenças nas campanhas dos candidatos petistas.
Lula interveio na administração do tema depois que José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares foram declarados culpados pela compra de apoio político no Congresso –corrupção ativa, na definição do Código Penal. Dirceu amargou um placar de 8 votos a 2. Genoino, 9 a 1. Delúbio, 10 a zero.
"Só vamos tratar disso depois das eleições", ordenou Lula em conversas que precederam a reunião do diretório nacional da legenda, na quarta-feira (10). Na visão dele, uma reação vigorosa borrifaria gasolina no noticiário em que ardem o PT e seus réus. A O silêncio da legenda reduz a temperatura das manchetes, ele crê.
Assim, afora os textos pessoais divulgados por Dirceu e Genoino, o PT limitou sua reação institucional a referências indiretas injetadas numa resolução política aprovada pelo diretório. Sem mencionar o julgamento ou os réus, acusou a "oposição de direita e seus aliados na mídia" de tentar "criminalizar o PT."
Ecoando as preocupações de Lula, o próprio Dirceu disse aos membros do diretório que a hora recomenda prioridade à eleição, não ao mensalão. O PT disputa o segundo turno em 22 cidades. Entre elas São Paulo e Salvador, as duas às quais Lula declara que se dedicará com maior afinco.
A tática do silêncio preconizada por Lula não se confunde com resignação. Ele próprio deseja, segundo diz em privado, solidarizar-se com os condenados. Especialmente Dirceu e Genoino. Diz que ambos foram condenados sem provas. É o que planeja dizer assim que o calendário permitir.
No mais, até 28 de outubro, dia do reencontro dos eleitores com as urnas, o PT e seus candidatos só devem tratar de mensalão para reagir a eventuais provocações dos rivais. Se o antagonista for tucano, como Serra, vai-se recordar que se encontra no STF, pendente de julgamento, o mensalão do PSDB mineiro, espécie de berço do esquema criminoso aproveitado e ampliado pelo PT.
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