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Josias de Souza

Curitiba: PPS formaliza apoio a Gustavo Fruet

Josias de Souza

16/10/2012 18h43

Em decisão surpreendente, o PPS declarou apoio à candidatura de Gustavo Fruet, que disputa a prefeitura de Curitiba pelo PDT. Ex-tucano, Fruet mede forças no segundo turno com Ratinho Júnior, do PSC.

O movimento do PPS surpreende por duas razões. O partido foi às urnas do primeiro turno enganchado à chapa derrotada do prefeito Luciano Ducci (PSB). Líder do PPS na Câmara, o deputado Rubens Bueno foi o vice de Ducci.

Derrotado, Ducci e seu padrinho, o governador tucano do Paraná Beto Richa, optaram pela neutralidade no segundo round. Ao tomar posição diversa, o PPS destoa do grupo político ao qual se associara.

De resto, ao optar por Fruet, o PPS associa-se indiretamente ao PT, partido ao qual faz renhida oposição em Brasília. Em Curitiba, o petismo compõe a coligação de Fruet, que desligou-se do PSDB depois que Beto Richa negou-se a apoiá-lo.

Deve-se ao casal de ministros petistas Paulo Bernardo (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) o embarque do PT na caravana de Fruet. Os auxiliares de Dilma miram 2014. Senadora licenciada, Gleisi aparelha-se para disputar o governo do Estado.

Assim, ainda que indiretamente, o proto-oposicionista PPS leva azeitonas à empada do primeiro-casal PT paranaense. Secretário-geral do diretório do PPS no Paraná, Rubico Camargo disse que o eleitor da legenda "quer o melhor para Curitiba, não a comodidade da neutralidade."

Douglas Fabrício, deputado estadual do PPS, afirmou que, para ser respeitada, a legenda "tem que ter lado. Sempre tivemos posição e não podemos fugir." O apoio a Fruet foi formalizado em encontro realizado na nopite desta segunda (15).

Rubens Bueno, o ex-vice de Luciano Ducci, entregou a Fruet o programa de governo que o prefeito refugado pelos eleitores apresentou em sua malograda campanha. Ao receber a peça, Fruet declarou:

"Quero iniciar uma grande gestão na prefeitura de Curitiba a partir do ano que vem, com uma boa relação com os vereadores. Enfatizo que não pensamos em 2014." Não pensamos? Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann não pensam noutra coisa.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.