Barbosa ri de advogado, que reage: ‘desrepeito’

O STF começou a calcular nesta quinta a pena de Ramon Hollerbach, um dos sócios de Marcos Valério. Antes que o relator Joaquim Barbosa iniciasse a leitura do seu voto, foi ao microfone Hermes Guerrero, advogado do condenado.

O doutor recordou que, antes de aposentar-se, o ex-ministro Cezar Peluso votara no caso do seu cliente. E impusera a Ramon as penas mínimas previstas em lei para todos os crimes a que responde (corrupção ativa, peculato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas). Barbosa teve reação instantânea. "O mínimo que conduzirá certamente à prescrição", disse, entregando-se ao riso.

Hermes Guerrero enxergou na risada do relator um quê de deboche. Queixou-se fora do microfone: "Eu considerei um desrespeito com a lei e, sobretudo, com a Justiça. Mais do que a observação a respeito da prescrição, me surpreendi com a gargalhada do ministro. Nunca vi isso nem em Tribunal de Justiça, no Supremo então é inimaginável uma situação dessas."

A sessão prosseguiu. Chegou ao final sem Te que a conta do castigo de Ramon Hollerbach fosse fechada. Na soma parcial, ainda sujeita a acréscimos, o cliente do doutor Guerrero já pegou 14 anos, 3 meses e 20 dias de cana. Não deve alcançar os mais de 40 anos impostos ao sócio Valério. Mas, como ele, será recolhido ao cárcere. Ayres Britto disse que as penas ainda podem sofrer ajustes. Mas o STF já deixou claro que manuseia a máquina de calcular com mão pesada.