Infortúnio de Serra potencializa Aécio no PSDB
Confirmando-se o infortúnio de José Serra, o PSDB desce à crônica de 2012 no capítulo dos derrotados. Qualquer tentativa de brandir feitos pontuais –o de Arthur Virgílio em Manaus, por exemplo— será embaçada pela perda de São Paulo, a principal cidadela do tucanato.
Paradoxalmente, o Waterloo de Serra torna o PSDB uma legenda menos ilógica. Agrupamento de amigos 100% feito de inimigos, o partido tende a estreitar suas inimizades no projeto presidencial de Aécio Neves. Ao trombar com o segundo 'poste' de Lula, Serra segue naturalmente para uma metafórica ilha de Santa Helena.
Serra falava sério quando dizia que, dessa vez, esquentaria a cadeira de prefeito até o fim do mandato. Seria natimorto qualquer plano que passasse por uma nova renúncia. Mas a autocondenação ao aprisionamento municipal não incluía a adesão automática a Aécio senão como um agravamento da pena.
Durante a campanha municipal, Aécio correu o país. Esteve em cidades de 23 Estados. Não foi convidado a dar as caras em São Paulo. Nem nas ruas nem na propaganda da tevê. Passada a temporada eleitoral, seria retomada a velha algaravia interna.
Partidários de Serra cultivavam em segredo a hipótese de insuflar uma nova candidatura presidencial de Geraldo Alckmin. Estorvariam Aécio e tentariam abrir caminho para a construção de um novo candidato à poltrona de governador de São Paulo em 2014 –alguém identificado com Serra.
Os sonhos do grupo convertem-se em pesadelo. Citado de raro em raro como uma opção presidencial, Alckmin até ambiciona o Planalto. Não chegou a dar vexame em 2006. Foi ao segundo turno contra Lula. Porém, não lhe restou outra alternativa além de fugir da mosca azul.
Com o PT no leme da capital pela terceira vez, o PSDB terá de suar as plumas para defender sua hegemonia de duas décadas no Estado. Trata-se de um desafio que não orna com o improviso. A candidatura de Alckmin à reeleição tornou-se jogo jogado.
Silenciada a voz de Serra, o mais vistoso inimigo cordial de Aécio, e desenhado o horizonte estadual de Alckmin, minimizam-se as chances de o tucanato de São Paulo torcer o nariz para o projeto mineiro. O PSDB deve obter, por pressão da conjuntura, a unidade que não foi capaz de construir por opção.
A inédita perspectiva de unidade não assegura o triunfo em 2014. Apenas evita que o tucanato entre numa disputa dura já rendido pelo flagelo da conspiração interna. Parece pouca coisa. Mas é algo que não ocorria desde as duas vitórias de Fernando Henrique Cardoso.
Em 2002, Serra foi à disputa pela Presidência atropelando Tasso Jereissati. Deu Lula. Em 2006, Alckmin virou candidato impondo-se sobre Serra. Terminou em Lula II. Em 2010, Serra escanteou Aécio e passou a campanha queixando-se de um suposto corpo mole de Minas. Acabou em Dilma Rousseff.
Para 2014, não bastasse o favoritismo de Dilma, uma ex-poste com taxas de aprovação rodando na casa dos 70%, o PSDB tem de lidar com o emergente de Eduardo Campos, a novidade do PSB. Unido, o tucanato vai à luta torcendo por um tropeço de Dilma na administração da economia. Desunido, tropeçaria em si mesmo.
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