Eleição do poste de SP 'compensou' 4 apagões
A temporada eleitoral de 2012 demonstrou que ainda é grande o poder de sedução de Lula. Mas também ficou evidenciado que, na política, mesmo os lábios mais sedutores precisam de argumentos.
Lula cunhou um bordão para referir-se aos candidatos que decidiu ligar na tomada. Pronunciou-o pela primeira vez em Campinas, no palanque de Márcio Pocchmann. Repetiu-o em São Paulo, num comício de Fernando Haddad. Repisou-o em Fortraleza, ao pedir votos para Elmano de Freitas.
"Quando eu lancei o Haddad, disseram que eu tava lançando um poste. Quando eu lancei a Dilma, era um poste. Fulano é um poste. Cicrano é um poste. De poste em poste nós vamos iluminar o Brasil inteiro", jactou-se Lula.
Em Campinas, o eleitor preferiu Jonas Donizette, lançado pelo PSB de Eduardo Campos com o apoio do PSDB de Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Em Fortaleza, deu Roberto Cláudio, do pedaço do PSB controlado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes.
Graças a uma combinação de intuição e sorte, Lula conseguiu eletrificar Haddad. Um "poste" que, assentado na mais vistosa capital brasileira, produziu um clarão de tal magnitude que terminou ofuscando o breu de Campinas, de Fortaleza e de outras duas praças.
No primeiro turno, Haddad tardou a acender. Sobreviveu na disputa com uma taxa de luminosidade que não fez jus ao histórico do PT. A despeito da gambiarra que plugou o 'novo' no arcaísmo representado por Paulo Maluf, prevaleceu a intuição de Lula.
No segundo round, a candidatura de Haddad foi ligada a um par de 'gatos'. O PT retirou energia extra da rejeição lunar de José Serra e do curto-circuito da gestão de Gilberto Kassab –um aliado tóxico que a sorte afastou de Lula.
Ao festejar o triunfo na Avenida Paulista, Haddad fez troça da nova trombada de Serra. Do alto de um caminhão de som, o pupilo de Lula açulou a militância: "Vocês sabem que eu sou o segundo poste do Lula. Tão sabendo disso, né?"
O feito paulistano, por grandioso, justifica a festa e a ironia. Mas não faz desaparecer um fato: o prestígio de Lula sofreu em 2012 quatro apagões. Afora os constrangimentos de Campinas e Fortaleza, o ex-soberano teve seus preferidos desligados da tomada pelo eleitor noutras duas praças.
Em Salvador, a presença e a pregação de Lula não detiveram ACM Neto (DEM). Em Manaus, não impediram o renascimento político de Arthur Virgílio (PSDB). Quer dizer: o puxador de votos do PT pode muito. Mas nem sempre faz milagres.
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