Espanto: Pilhado em malfeitos, um deputado renuncia para dar bom exemplo aos colegas
Calma, contenha a euforia. A coisa se passou alhures, na Grã-Bretanha. O deputado e ex-ministro britânico Denis MacShane anunciou nesta sexta-feira a decisão de renunciar ao mandato. Ele foi pilhado num desvio de 12.900 libras. Coisa de R$ 42 mil. A fraude foi investigada por um comitê parlamentar.
Malversada entre 2004 e 2008, a verba destinava-se a custear despesas relacionadas ao exercício do mandato. MacShane apresentou notas falsas e embolsou a grana. O comitê recomendou que ele se afastasse da Câmara por 12 meses. O deputado preferiu se auto-impor uma punição mais rigorosa.
MacShane deu por "encerrada" sua carreira política e bateu em retirada. "Amo a Câmara dos Comuns e espero que minha renúncia possa servir para mostrar que os parlamentares devem assumir responsabilidades por seus erros e aceitar as consequências de ter violado as regras", disse.
Comparado com o milionário mensalão, o caso de MacShane envolve um desvio mequetrefe. O que confere grandeza ao episódio é o gesto de contrição. Nessa terra de palmeiras e sabiás, não há quem se disponha a seguir o exemplo. Aqui, quem tem mandato não abre mão. Quem não tem trabalha para obter.
O condenado Valdemar Costa Neto (PT-SP) diz que recorrerá à corte internacional da OEA contra a sentença do STF. E finge-se de morto na Câmara. João Paulo Cunha (PT-SP) também não se deu por achado. E o suplente José Genoino (PT-SP) trama assumir um assento na Câmara em janeiro.
Os pró-homens do petismo, convencidos de que seu plano era o melhor para o país, não se envergonham de ter tentado pô-lo em prática antes que o formalismo legal os atrapalhasse. O erro está na ética dos meios, não no fim, tão mais importante, que era o sonho do poder longevo.
Que diabo, estamos no Brasil. Aqui, quem tem a faca numa mão e o queijo na outra, sente-se à vontade para usufruir da licença para ser aético. Entre nós, a contrição não orna com o hábito nacional de reconstruir consciências e desenvolver longas e proveitosas vidas públicas.
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