Ayres Britto roga a políticos por reajuste salarial
Na bica de trocar a toga pelo pijama, Carlos Ayres Britto, presidente do STF, convidou líderes políticos para um café da manhã. Serviu-lhes frutas, pão, leite, café e um apelo. Rogou aos parlamentares que reservem no Orçamento da União de 2013 verbas para os reajustes salariais solicitados pelo STF. Aumentos que, se concedidos, descem em cascata para todo o Judiciário.
Dirigindo-se a uma mesa que incluía o senador Romero Jucá, relator do Orçamento, Britto disse os contracheques de magistrados e servidores não vêem um reajuste há quatro anos. Pelas suas contas, os juízes amargam perdas inflacionárias de 28%. O prejuízo dos funcionários, disse ele, é ainda maior: 54%.
Segundo o ministro, o quadro produz dois fenômenos. Um submete os juízes a um processo de "temerário desprestígio". Pintou a cena com cores fortes: "A magistratura perde poder de competitividade. A procura por cargos de magistrado diminuiu preocupantemente."
Outra consequência seria a crescente "desprofissionalização" do Judiciário, cujos funcionários batem em retirada às "levas". De novo, Britto carregou nas tintas: "Estamos nos desprofisisonalizando. Isso é realidade, não é retórica. Temos tabelas e documentos comprovando isso."
Britto veste-se de líder sindical a poucos dias de trocar a toga pelo pijama. Fará aniversário de 70 anos no domingo. Nesta quarta (14), participa de sua última sessão no plenário do STF. Cuidou de convidar para o café da manhã salarial o sucessor Joaquim Barbosa.
Relator do mensalão, Barbosa será o terceiro presidente do Supremo a medir forças com Dilma Rousseff por reajustes. Antes dele e de Britto, defrontara-se com as resistências do Planalto o também aposentado Cezar Peluso. A depender de Dilma, o pedido do STF não sera atendido. O governo alega que, em tempos de crise, não há espaço para conceder ao Judiciário senão o reajuste já assegurado aos servidores do Executivo. Coisa de 5% em 2013.
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