Dilma e o mensalão: ‘Acato as sentenças,mas...’
Numa luta, o mais importante é escolher o lado em que lutar. Quando a causa é boa, melhor selecionar as armas e correr os riscos do que se esconder atrás da dubiedade e tomar uma bala perdida.
Neste domingo, o diário espanhol El País veiculou uma entrevista com Dilma Rousseff. Foi feita na última segunda-feira (12), o mesmo dia em que o STF definiu as penas de José Dirceu (dez anos e dez meses de cana), José Genoino, seis anos e 11 meses) e Delúbio Soares (oito anos e 11 meses).
O grosso da entrevista de Dilma foi dedicado à crise financeira que inferniza a Europa, com reflexos sobre o Brasil. Só depois o entrevistador tomaria conhecimento da sentença imposta a Dirceu. A corrupção entrou na conversa pela porta lateral do auto-elogio.
"Poucos governos fizeram tanto pelo controle do gasto público como o do presidente Lula", disse Dilma a certa altura. "Abrimos o Portal da Transparência, com todas as contas públicas ao alcance de quem queira consultar."
Na sequência, ela jactou-se de uma providência adotada no seu governo. "Também fizemos uma Lei de Acesso à Informação, que obriga a divulgar os salários dos dirigentes."
Dilma foi adiante: "Sou radicalmente a favor de combater a corrupção, não apenas por uma questão ética, mas por um critério político. […] Um governo é dez mil vezes mais eficiente quanto mais controla, mais fiscaliza e mais impede [os desvios]."
Só então, sem mencionar o vocábulo mensalão, Dilma roçou o tema. "Tem havido diversos procedimentos jurídicos nesse terreno [da corrupção] e, como presidente da República, não posso me manifestar sobre as decisões do STF. Acato suas sentenças, não as discuto…"
No instante em que parecia escolher um lado para lutar, Dilma agachou-se atrás da dubiedade. Não discute as setenças do STF, mas isso "não significa que ninguém neste mundo de Deus esteja acima dos erros e das paixões humanas."
O que Dilma disse, com outras palavras, foi o seguinte: como presidente, não fica bem discutir as deliberações do Supremo. Como petista, flerta com o lero-lero do PT, que acusa a Suprema Corte de julgar politicamente e condenar sem provas.
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