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Josias de Souza

Efeito mensalão: Justiça condena a 12 anos de prisão prefeitos alagoanos acusados de fraudes

Josias de Souza

29/11/2012 19h51

O Tribunal Regional Federal da 5ª Região, sediado em Recife, impôs a quatro prefeitos acusados de corrupção nos fundões de Alagoas uma sentença 'padrão STF'. Condenou-os a 12 anos e seis meses de prisão, em regime fechado. O caso envolve desvios de verbas públicas destinadas à compra de merenda escolar.

Foram condenados os prefeitos de Porto Calvo, Carlos Eurico Leão e Lima (PMDB); de Feira Grande, Fábio Apóstolo de Lira (PTB); de Canapi, José Hermes de Lima (PTB); e de Ireja Nova, Neiwton Silva (PSB). O TRF enquadrou-os em três crimes: formação de quadrilha, corrupção passiva e peculato.

Os malfeitos foram apurados numa operação que ficou conhecida como 'Guabiru'. Desbaratou-se uma quadrilha que atuou entre 2001 e 2005. Desviava verbas federais do Ministério da Educação destinadas à compra de merenda para os alunos das escolas públicas municipais.

O Ministério Público Federal denunciou 54 pessoas. O processo foi, porém, desmembrado. Por quê? A exemplo do que ocorre com os deputados do mensalão, os prefeitos dispõe de prerrogativa de foro. Os parlamentares, são processados e julgados no STF. Os governadores, no STJ. Os prefeitos, nos TRFs.

No caso dos encrencados alagoanos, coube ao TRF 5ª Região, que engloba os Estados nordestinos, expedir as sentenças. O tribunal rejeitou a denúncia em relação a um deputado estadual, que também dispõe de foro privilegiado. Os outros 49 réus estão sendo julgados na primeira instância da Justiça Federal, em Alagoas.

Tomada pelo tamanho do castigo imposto aos prefeitos que morderam a merenda das crianças, pode-se dizer que o julgamento do mensalão começa a fixar novos padrões para o Judiciário. Pode demorar. Mas, mantido o diapasão, o Brasil pode ser condenado a virar um país sério.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.