Rose: 'Nunca fiz nada ilegal, imoral ou irregular’
Rosemary Novoa de Noronha, a Rose, divulgou nesta quinta (29) uma nota com sua primeira manifestação pública sobre a máfia dos pareceres. Além de defender-se –"tenho absoluta certeza de minha inocência—, ela preocupou-se em afastar da encrenca seus dois ex-chefes no PT e na Presidência –"nunca fiz nada ilegal, imoral ou irregular que tenha favorecido o ex-ministro José Dirceu ou o ex-presidente Lula."
Assina a nota junto com Rose o advogado dela, Luiz José Bueno. Sob suspeita de ter traficado interesses privados no governo em troca de vantagens indevidas, Rose declara-se "perplexa com o caso". Contesta as acusações sem oferecer elementos capazes de afastar a bruma de suspeição que a rodeia. "Não cometi tráfico de influência nem qualquer ato de corrupção, como em breve ficará provado."
Rose conheceu Lula na década de 90, época em que ela assessorava José Dirceu no PT. Eleito, Lula levou-a para o escritório da Presidência em São Paulo. Ela costumava acompanhar o chefe em viagens internacionais. Apenas no período de 2007 a 2010, Rose foi de Aerolula para 23 países. Sobre isso, ela escreveu:
"Quero dizer que todas as viagens que fiz ao exterior foram por solicitação do cerimonial da PR, em decorrência de meu cargo e função e, para isso, fiz curso no Itamaraty, não havendo, portanto, nada de irregular ou estranho neste fato."
A investigação da PF mostrou que Rose dispunha de um poder incomum para uma servidora de terceiro escalão. Atribui-se a ela a indicação de dois diretores de agências reguladores, os irmãos Paulo (ANA) e Rubens Vieira (Anac). Mantinha com Paulo, "chefe" da quadrilha, relações estreitas.
Embora os grampos e e-mails colecionados pela PF indiquem o contrário, Rose tenta fazer crer que sua proximidade com o personagem apontado como mandachuva do esquema era trivial e desinteressada. "Há mais de 10 anos, tenho com o senhor Paulo Vieira uma forte relação de amizade, hoje abalada por detalhes da operação da Polícia Federal." Vai abaixo a íntegra da nota:
A respeito das denúncias publicadas a partir da operação Porto Seguro, da Polícia Federal, minha cliente Rosemary Noronha repudia todas as acusações que têm sido divulgadas pela imprensa e tem certeza que sua inocência será provada em juízo. Desde a última sexta-feira, Rose se colocou à disposição do delegado Ricardo Hiroshi Ishida, responsável pelo caso, para prestar todos os esclarecimentos necessários fornecendo os contatos e endereços seus e de seus advogados.
Sobre a operação da Polícia Federal, Rosemary Noronha tem a declarar:
Do dia para a noite, tive minha vida devassada e apontada como pivô de um esquema criminoso que atrai a atenção de toda a mídia. Sou, portanto, a pessoa mais interessada em provar que não tive qualquer participação em supostas fraudes em pareces técnicos ou corrupção de servidores públicos para favorecimento a empresas privadas.
Enquanto trabalhei para o PT ou para a Presidência da República, nunca fiz nada ilegal, imoral ou irregular que tenha favorecido o ex-ministro José Dirceu ou o ex-presidente Lula em função do cargo que desempenhavam. Nunca soube também de qualquer relação pessoal ou profissional deles com os irmãos Paulo e Rubens Vieira.
Quero dizer que todas as viagens que fiz ao exterior foram por solicitação do cerimonial da PR, em decorrência de meu cargo e função e, para isso, fiz curso no Itamaraty, não havendo, portanto, nada de irregular ou estranho neste fato.
Há mais de 10 anos, tenho com o senhor Paulo Vieira uma forte relação de amizade, hoje abalada por detalhes da operação da Polícia Federal.
Mesmo perplexa com o caso, tenho absoluta certeza de minha inocência. Não cometi tráfico de influência nem qualquer ato de corrupção, como em breve ficará provado."
São Paulo, 29 de novembro de 2012
Luiz José Bueno de Aguiar e Rosemary Novoa de Noronha
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