Topo

Josias de Souza

Presidente do PT: mídia é ‘oposição sem cara’

Josias de Souza

30/01/2013 23h28

O presidente do PT, Rui Falcão, reuniu-se nesta quarta (30) com bancada do partido na Câmara. Ao discursar, atacou a imprensa e o Ministério Público, duas de suas obsessões. Repisou o mantra da "democratização" dos meios de comunicação e declarou que a imprensa é, hoje, a "oposição sem cara."

"Sejamos francos: quem é oposição no Brasil hoje? Temos a oposição parlamentar, mas há uma oposição mais forte, extrapartidária que não mostra a cara, mas se materializa em declarações como a de Judith Brito [vice-presidente da Associação Nacional de Jornais) que disse: 'como a oposição não cumpre o seu papel, nós temos que fazê-lo'", disse Rui.

Ele prosseguiu: "Vamos às redes sociais e aos partidos lutar pela liberdade de expressão. Esses […] que tentam interditar a política no Brasil, essa oposição extrapartidária que quer fazer com que se desqualifique a política e quando a gente desqualifica a política, abre campo para aventuras golpistas que levaram ao nazismo, fascismo e devemos afastar do nosso país. Combater essa oposição sem cara, mas com voz é um dos objetivos do PT nessa conjuntura."

Terminada a pajelança partidária, um repórter quis saber de Falcão se o procurador-geral da República Roberto Gurgel também é um oposicionista sem rosto. E ele:  "Há setores do Ministério Público que têm tido atuação partidária. Agora inclusive, toda essa manipulação em torno do presidente Lula, deixa evidente que há uma ação deliberada no sentido partidário, de oposição".

O mandachuva do PT disse tudo isso numa reunião da qual participaram os condenados João Paulo Cunha e José Genoino. Coordenava o encontro o novo líder do PT, José Guimarães. É irmão de Genoino, mas ganhou fama por outro motive. Em 2005, quando Guimarães era deputado estadual no Ceará, um assessor dele foi preso no aeroporto de Congonhas. Carregava R$ 200 mil numa mala e US$ 100 mil na cueca.

Falcão tem razão num ponto: a oposição brasileira é capaz de tudo, menos de se opor. O erro do companheiro é imaginar que a imprensa e a Procuradoria tomaram o lugar dos antagonistas do PT. Função de repórter é reportar. Missão de procurador é procurar. Se o petismo não oferecesse a matéria prima, essa gente estaria em apuros para pagar as contas e encher a geladeira.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.