Alckmin indica que não será estorvo para Aécio
Quem ensina é Guimarães Rosa: mineiro espia, escuta, indaga, protela, tolera, remancheia, perrengueia, sorri, escapole, se retarda, faz véspera, tempera, matuta, engambela, pauteia, se prepara… Parece até um estudo sobre a candidatura presidencial de Aécio Neves. Mas o senador tucano ensaia o abandono das sinuosidades.
Em visita a São Paulo, Aécio teve com Geraldo Alckmin uma conversa pouco mineira, franca. Disse-lhe que, como governador do maior e mais rico Estado do país, tem precedência na fila dos presidenciáveis. E perguntou: você é candidato? Alckmin reiterou que disputará em 2014 a reeleição ao governo paulista. E sinalizou que não deseja tornar-se estorvo.
Aécio já havia inquirido Alckmin sobre a Presidência da República em março do ano passado, num almoço servido no apartamento de Fernando Henrique Cardoso. O governador soara no mesmo tom. Se é assim, disse o senador ao governador na última quarta-feira, chegou a hora de o tucanato mostrar unidade.
Antes de conversar com Alckmin, Aécio estivera, na noite da véspera, com FHC, seu principal esteio dentro do partido. Depois do encontro com o governador, avistou-se com José Serra, seu maior enigma. De volta a Brasília, Aécio deu sinais de tê-lo decifrado. Moveu-se para acomodar o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), unha e cutícula com Serra, na liderança do PSDB no Senado.
Aécio se equipa para assumir o controle formal do PSDB em maio, quando a legenda renovará sua direção. Reserva para Minas a presidência do partido, a ser exercida por ele próprio ou por alguém que indicar. E acerta com Alckmin a entrega da secretaria-geral, segunda poltrona mais importante na engrenagem partidária, a um paulista. Se o café com leite não azedar, o tucanato talvez supere sua fase de 'Guerra dos Emboabas' antes da chegada do segundo semestre.
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