Alvaro Dias: divisão do PSDB ‘já ficou enjoativa’

Um dos opositores mais ativos do PT e do governo de Dilma Rousseff, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) observa com certo desalento o modo como seu partido gerencia a escolha do candidato à sucessão de 2014. Incomoda-se sobretudo com a reiteração da divisão interna entre o tucanato de Minas e o de São Paulo. "Ninguém aguenta mais essa conversa fiada. Já ficou cansativa, enjoativa."

Líder do PSDB no Senado até fevereiro, Alvaro atribui a reiteração do fenômeno a um erro que considera capital: a falta de uma eleição prévia para definir o nome que representará a legenda na disputa presidencial. A essa altura, diz o senador, já não há mais tempo para a realização de primárias. "Deixamos passar a oportunidade. O partido enterrou as prévias", lamenta.

"Para funcionar, o processo deveria ter sido deflagrado no início do ano passado, com uma campanha de filiação partidária que aproveitaria as eleições municipais. Algo do tipo: filie-se ao PSDB e ajude a escolher o candidato à Presidência. A campanha continuaria ao longo de 2013, com intenso debate nacional. No início do ano que vem, com os pretendente já posicionados, o partido faria sua escolha."

Na opinião de Alvaro Dias, o PSDB deveria ter estimulado o debate. Acha que uma disputa interna conduzida "de forma imparcial" teria resultado em benefícios para Aécio Neves, não o contrário. "Se tivéssemos optado pelas prévias, não estaríamos discutindo eventuais dissidências no partido. Ao final, ninguém teria autoridade moral para se colocar como dissidente em relação ao escolhido."

No ano passado, Alvaro Dias manifestara o desejo de participar, ele próprio, de uma disputa pela vaga de candidato do PSDB ao Planalto. Hoje, o senador trata do assunto como coisa do passado: "Acho que teria sido interessante o partido escolher entre vários candidatos, até para estimular o debate nacional e encontrar o melhor discurso. Nessa linha, eu não teria me recusado a participar."