‘Não penso em me aposentar nunca’, diz Sarney

Em entrevista ao diário maranhense 'O Imparcial', José Sarney fez duas ameaças: Numa, disse que jamais vestirá o pijama: "Não penso em me aposentar nunca. Até o fim da minha vida, trabalharei todos os dias nas duas vertentes que constituí na minha vida: a política e a literatura." Noutra, informou que as prateleiras e prensas não perdem por esperar: "Não abandonarei a poesia, a ficção e o jornalismo."

Embora refugue o pijama, Sarney não enjeita as pensões. Hoje, já recebe, além do contracheque de senador, duas aposentadorias –uma como ex-governador, outra como ex-servidor do Tribunal de Justiça do Maranhão. Tudo somado, dá mais de R$ 50 mil por mês.

Afora as ameaças, a entrevista com o morubixaba do PMDB traz uma revelação: Sarney foi o melhor presidente da República que Sarney já conheceu. Disse coisas assim: "Os estudiosos da história recente da democracia no mundo ressaltam que a mudança mais profunda feita no Brasil foi a realizada durante o meu Governo."

Ou assim: "Esse período [pós-Sarney] foi de absoluta tranquilidade institucional, o que possibilitou que o Brasil passasse a ser a sexta economia mundial e fizesse uma melhor distribuição de renda, tornando o país mais justo. Recordo que todas essas conquistas começaram durante o meu governo."

Evocando Rui Barbosa, Sarney chamou Sarney de estadista: "Tenho a consciência, como estadista, de que não plantei couve, mas sim carvalho." O barulhinho que se ouve ao fundo é o ruído do doutor Rui se revirando na tumba.