Aécio adia para 2014 programa que seria para já
O vídeo acima é parte de uma entrevista veiculada aqui há três meses, em 22 de fevereiro. Nela, Aécio Neves anunciara que o PSDB apresentaria neste mês de maio "uma proposta alternativa ao que está aí." Mencionara "um conjunto de ideias-força". Neste sábado (18), ao discursar na convenção em que foi alçado ao posto de presidente do partido, Aécio não formalizou nenhuma proposta. Tomado pelas palavras, já não cogita fazê-lo tão cedo.
"O PSDB se apresentará no momento certo, e ainda não é hora de tratarmos disso, porque isso deve acontecer em 2014, com um projeto alternativo a esse que está aí", discursou Aécio. Sem as "ideias-força" de que falava em fevereiro, o pronunciamento do presidenciável tucano teve mais retrovisor do que parabrisa. Disso resultou um paradoxo: Aécio vende o futuro olhando para trás.
Falou do Bolsa Família como "um projeto incorporado, enraizado na paisagem econômica e social." Deve ser "mantido", disse. Mas já não dá para se contentar apenas com "a administração diária da pobreza". No mesmo discurso, jactou-se de realizações tucanas tão incorporadas à paisagem quanto o Pão de Açúcar: a estabilidade do Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal, por exemplo.
Evocando Arthur Virgílio e FHC, que foram ao microfone antes dele, Aécio deu-lhes razão: "É preciso, sim, ter utopia. E nós temos." Qual? "Queremos tirar o país das garras de um partido político que se esqueceu de suas origens e da sua história." Para quem já teve o Real, parece pouco.
Aécio discorreu sobre educação, saúde e segurança com a ligeireza de quem corre sobre brasas. Olhos grudados no retrovisor na maior parte do tempo, citou experiências do governo FHC, da sua administração em Minas e do governo paulista de Geraldo Alckmin.
Acha que, hoje, o papel do PSDB é o de "devolver ao país um governo que pense nas futuras gerações, que tenha coragem para fazer as reformas que este governo não fez até aqui." Que reformas? Bem, "o PSDB apresentará ao país, dentro de pouco tempo, área por área, seu plano, suas propostas."
Na sucessão de 2002, quando José Serra perdeu a disputa presidencial para Lula, os tucanos começaram a falar em atualização do ideário do PSDB. Em 2006, quando Geraldo Alckmin perdeu para o mesmo Lula, falava-se até em "refundar" a legenda. Em 2010, quando Serra foi batido pela então 'poste' Dilma Rousseff, informou-se que o partido encontraria seu rumo num ciclo de seminários. Por ora…
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