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Josias de Souza

Quatro partidos governistas já desembarcaram do ‘plebiscito’ de Dilma: PMDB, PP, PSB e PR

Josias de Souza

03/07/2013 21h54

Valendo-se de retóricas diferentes, quatro partidos do condomínio governista já descartaram a hipótese de aprovar a toque de caixa, até outubro, uma reforma política capaz de valer para as eleições de 2014. Bateram em retirada: PMDB, PP, PR e PSB. Juntando-se essas legendas às de oposição –PSDB, PPS e DEM— pode-se declarar que está a caminho da sepultura a proposta de Dilma Rousseff de realizar um plebiscito ainda neste ano.

O último partido a formalizar o desembarque do plano de Dilma foi o PR. Em nota divulgada nesta quarta (3), a legenda declarou-se a favor do plebiscito. Mas fez duas ponderações. Numa, anotou que "não haveria tempo hábil" para alterar as regras de 2014. Noutra, mudou de assunto: "As vozes das ruas nos mostraram que, além de uma crise política e de representatividade, o país vive crise do pacto federativo e constitucional." Quer redividir o bolo tributário .

O primeiro partido a tomar distância das teses de Dilma foi o PP. Fez isso às claras e na primeira hora. Em ofício entregue à presidente, a legenda declarou-se contra o plebiscito. Listou 29 questões passíveis de deliberação numa reforma política. E concluiu que seria inviável acomodar tantas dúvidas, a maioria extremamente técnica, numa consulta popular.

Na sequência, saltaram da canoa do plebiscito instantâneo o PSB do governador Eduardo Campos e o PMDB do vice-presidente Michel Temer. No gogó, as duas legendas dizem aceitar o plebiscito, mas não imediatamente. Pelo menos no caso do PMDB, a aceitação é puramente retórica. A maioria da legenda prefere aprovar a reforma e só depois, se for o caso, submetê-la a um referendo.

O caixão do plebiscito expresso já foi aberto. Falta apenas que alguém emita o atestado de óbito da iniciativa de Dilma. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), chegou perto disso ao informar que constituirá um grupo de trabalho para providenciar uma reforma política em 90 dias. Sem plebiscito. Eduardo Cunha (RJ), líder do PDMB na Câmara, é categórico. Afirma que o plebiscito, do modo como foi proposto por Dilma, morreu.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.