Topo

Josias de Souza

PT cobra de Dilma mudanças em três setores: economia, comunicação e articulação política

Josias de Souza

19/07/2013 05h51

O prestígio de Dilma Rousseff não ruiu apenas nas ruas. Desmoronou também no interior do PT. A presidente tornou-se uma personagem muito impopular dentro do seu próprio partido. Longe dos refletores, os correligionários a criticam com aspereza incomum. A nata da legenda cobra uma mudança de rumos no governo. Avalia-se que as debilidades são mais graves em três áreas: economia, articulação política e comunicação social.

Ao farejar o cheiro de queimado, Lula interveio para evitar que a maledicência descambasse para uma lavagem de roupa suja em público. Nos últimos dias, ele se dedicou a amansar o petismo. Fez isso em conversas telefônicas e reuniões no instituto que leva seu nome, em São Paulo. Chamou para um desses encontros os mais expressivos deputado federais do PT, além do seu presidente, Rui Falcão.

Lula deu oportunidade para que todos falassem. Dilma foi crivada de ataques. Não houve quem se dispusesse a defendê-la –nem mesmo o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia. Formou-se um sólido consenso quanto à necessidade de promover mudanças nas três áreas já mencionadas: economia, articulação e comunicação.

Embora a maioria dos presentes considerasse a reforma ministerial inevitável, não se falou na substituição de ministros, mas na alteração das práticas. Um dos presentes explicou: no fundo, todos sabem que o problema é a Dilma, não os ministros, disse. Para exemplificar, declarou que é a presidente quem manda na área econômica, não o ministro Guido Mantega.

Lula ouviu apelos dos interlocutores para que fosse o porta-voz dos desejos do partido junto à presidente. E fez uma pregação sobre a importância de o PT dar suporte a Dilma, defendendo-a. Amaciado, o PT realiza neste sábado, em Brasília, uma reunião do seu diretório nacional. Convidou Dilma, que prometeu aparecer. No têat-à-tête, ela deve ser poupada das críticas.

Há um quê de oportunismo nos ataques de alguns dos petistas à presidente da República. Há três meses, quando Dilma era uma presidente popularíssima e uma candidata favoritíssima, os petistas se esforçavam para tirar casquinha no prestígio dela.

No vídeo abaixo, veiculado na web em março, três petistas explicam por que Dilma é sensacional. Dois deles –Marco Maia (RS) e Ricardo Berzoini (SP)— estavam na sessão de pancadaria realizada no Instituto Lula dias atrás. Migraram da bajulação para a repreensão sem passar pela autocrítica.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.