Inflação vai de pior a mal e governo solta fogos
A inflação de julho ficou muito próxima de zero: 0,03%. É o menor índice desde junho de 2010. Dilma Rousseff e Guido Mantega subiram no caixote. "A inflação está completamente sob controle", bradou a presidente, antes de criticar os que "fizeram todo um estardalhaço de que tínhamos perdido o controle." E Mantega: "Sempre esteve sob controle."
A meta oficial de inflação é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos –para mais ou para menos. Considerando-se a variação acumulada nos últimos 12 meses, até julho, a taxa de inflação é de 6,27%. Continua mais perto do teto do que do centro da meta. Completamente sob controle? Nem tanto.
O IBGE atribui o refresco de julho a dois fatores: a queda no preço dos alimentos e, sobretudo, a revogação do aumento das passagens de transportes públicos. Quem ouve Mantega dizer que "sempre esteve sob controle" fica tentado a indagar: de quem?
As passagens foram represadas porque as ruas roncaram. Só há duas maneiras de manter as tarifas atrás do dique. Ou o Estado prova que as empresas inflam seus custos ou concede subsídios –do ponto de vista fiscal, um veneno. Sabe-se que a inflação voltará a soluçar. "O IPCA pode aumentar um pouco até o final do ano, é sazonal", admitiu Mantega.
A coisa só não desandou completamente porque o Banco Central levou o pé à porta, operando para que o cenário fosse de pior a mal. Ao exagerar no foguetório, Dilma e Mantega comprovam: o que falta ao Planalto Central, além de rigor fiscal, é uma epidemia de ridículo.
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