Dilma: ‘Tarifa alta não justifica ojeriza a pedágio’
"Tem pedágios bastante altos no país. Não vou esconder o sol com a peneira, porque não sou responsável por eles. De fato, tem pedágio alto. Agora, isso não pode justificar uma ojeriza a pedágio". O comentário foi feito por Dilma Rousseff numa entrevista a dois jornais gaúchos, o Zero Hora e o Correio do Povo. Segundo ela, não dá para eliminar os pedágios e pedir ao governo federal que "se vire e faça obra pública." Aqui, um resumo da conversa feito pela repórter Rosane de Oliveira.
Às voltas com seus dois primeiros leilões de rodovias, Dilma construiu uma tese para explicar o interesse do empresariado por uma delas, a BR 050 (MG-GO), e o absoluto desdém pela outra, a BR 262 (MG-ES). Ao esmiuçar sua teoria, a presidente petista reconheceu a incapacidade da União de zelar pelas estradas federais e acabou pronunciando o que talvez seja sua mais contundente defesa dos pedágios e do direito das empresas à rentabilidade.
"O fato de ter havido uma concessão com oito candidatos e outra sem nenhum reflete uma coisa interessante. É impossível ter concessão sem tarifa de pedágio", disse Dilma. "Em alguns Estados, essa sensibilidade contra o pedágio é muito alta. Nós vamos ter de abrir uma séria discussão no país sobre o seguinte: se querem o modelo de concessão, ou seja, se querem que as estradas sejam assumidas pela iniciativa privada, terá de ter pedágio."
Dilma prosseguiu: "Eu concordo plenamente com a população quando ela diz que tem tarifas de pedágio que são insustentáveis. Mas, não se pode ter uma visão simplista de que toda tarifa de pedágio é insustentável. O Dnit não tem como assumir todas as estradas federais. Temos que encontrar o chamado caminho do meio."
Dilma soou como se estivesse decidida a remover todos os empecilhos que levam o investidor a olhar de esguelha para as propostas de parceria feitas pelo governo dela. A certa altura, a presidente foi instada a comentar a situação de duas rodovias federais pedagiadas do Rio Grande do Sul. Os usuários se queixam de que as tarifas são exorbitantes. Os protestos nas praças de pedágio são usuais. Dilma disse analisa o problema, mas não fará mágica.
"Eu recebi um pedido de redução da tarifa na BR-116 e na BR-392. A alegação é de que a tarifa elevada compromete a competitividade da indústria naval. Essa é uma questão que tem de ser tratada com muita cautela, porque não há como você ter concessão e não ter pedágio. Não há. E não há como defender competitividade às empresas sem aumento de pedágio. Essa mágica não existe."
Segundo Dilma, o governo tem que propiciar rentabilidade às empresas e prestar atenção às "sensibilidades e reclames da população". O diabo é que "tem hora que as duas coisas podem estar excessivas", ela acredita. Dilma deu a entrevista pouco antes de embarcar de Porto Alegre para Brasília. De volta ao Planalto, reuniu-se com os ministros Cesar Borges (Transportes) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil).
Depois da reunião, o titular da pasta dos Transportes informou que o governo não fará mais leilões aos pares, apenas individuais. Para atrair investidores à BR 262 (MG-ES), refugada na semana passada, o governo deve assegurar compensações financeiras ao futuro concessionário caso o Dnit descumpra sua responsabilidade na duplicação de um trecho da rodovia, no Espírito Santo.
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