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Josias de Souza

Dilma ‘deveria aparecer mais na TV’, diz Temer

Josias de Souza

23/10/2013 22h19

Na visão do tucanato, a previsão de Warhol —"No ano 2000 todo mundo será famoso durante 15 minutos"— já foi superada no Brasil, onde a junção do marketing com a televisão deu a Dilma Rousseff a oportunidade de ser famosa durante mais de três anos, desde que Lula a escolheu como sucessora.

Na ótica do vice-presidente Michel Temer, embora Dilma já tenha batido todos os recordes de aparição em rede nacional de tevê, tudo ainda é muito pouco: "A presidente deveria aparecer mais porque o sistema constitucional, hoje, é o da transparência absoluta. Quanto mais a presidente e os demais agentes públicos se dispuserem a comparecer à televisão para prestar contas de seu trabalho, melhor."

O presidenciável tucano Aécio Neves fez as contas. Em dois anos e nove meses de governo, Dilma exibiu-se em cadeia nacional 16 vezes. Como diria Lula: nunca antes na história… Em discurso preferido da tribuna do Senado, Aécio lamentou que o leilão de Libra tenha servido de mote para a penúltima manifestação televisiva de sua futura antagonista.

"Em qualquer lugar do mundo seria muito curioso alguém comemorar com extremo ufanismo uma vitória de um leilão com apenas um participante, e sequer um centavo a mais ou, no nosso caso, uma gota a mais de óleo. É algo absolutamente inusitado…"

Suprema ironia: na origem, o fenômeno que anima Temer e inquieta Aécio tem as digitais do grão-mestre do PSDB. Foi sob FHC que o Congresso aprovou a reeleição, em meio a rumores de uma tal 'cota federal'. É esse estatuto que dá aos governantes a possibilidade de disputar eleições cavalgando a máquina e olhando os antagonistas de cima para baixo.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.