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Josias de Souza

Sergipe: 97% das prefeituras fecham as portas

Josias de Souza

01/11/2013 18h11

ShutterStock

Levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CMN) constatou que 97% das 75 prefeituras de Sergipe fecharam as portas nesta sexta-feira (1º). O atendimento ao público foi suspenso. Mantiveram-se apenas as atividades essenciais —postos de saúde, escolas municipais e limpeza, por exemplo. A situação será normalizada na segunda-feira (4).

Aprovada por seis dezenas de prefeitos num encontro ocorrido no início da semana, a paralisação é um protesto contra a penúria dos municípios. Os prefeitos responsabilizam o governo federal pela escassez de verbas. Pela manhã, 95% das cidades sergipanas aderiram ao movimento. À tarde, o percentual foi a 97%.

Uniram-se no protesto três entidades: a Federação dos Municípios de Sergipe (Fames), a Associações dos Municípios da Região do Centro Sul (Amurces), e a Associação da Barra do Cotinguiba e Vale do Japaratuba (Ambarco).

Presidente da Ambarco, Fábio Henrique resume o drama das prefeituras: "A União repassa R$ 10 para uma consulta com um médico especialista. O restante são as prefeituras que bancam. O mesmo acontece com a merenda escolar: recebemos R$ 0,33 por cada refeição que, na verdade, custa entre R$ 1,50 e R$ 2. E a única coisa que vai resolver esse problema é uma reforma no Pacto Federativo."

Presidente da Fames, Antonio Fernandes Rodrigues ecoa: "70 dos 75 municípios sergipanos vivem com a conta no vermelho, sem poder pagar o salário dos servidores, fornecedores e com dificuldade de iniciar as obras com seus recursos próprios. A maioria não cumpre a Lei de Responsabilidade Fiscal, porque a receita é menor que a despesa. Somente Aracaju, Canindé do São Francisco, Carmópolis, Estância e Rosário do Catete conseguem cumprir com suas obrigações porque recebem Imposto Sobre Serviço e royalties."

Na conta dos prefeitos, a União retém 64% dos tributos federias que arrecada. Repassa 21% aos Estados e envia 14% aos municípios. "Já as responsabilidades ficam quase que 100% com as prefeituras", exagera Antonio Rodrigues.

A Confederação Nacional de Municípios convocou para 12 de novembro um ato de prefeitos de todo o país em Brasília. Eles vão pressionar o Executivo e o Legislativo. Desejam, entre outras coisas: elevar em 2% o repasse da União para o Fundo de Participação dos Municípios e aprovar a proposta que obriga o governo a executar as emendas de parlamentares ao Orçamento.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.