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Josias de Souza

Dilma chama líderes para analisar piso dos agentes de saúde: 400 mil votos

Josias de Souza

13/11/2013 04h49

Agentes de saúde nas galerias da Câmara (Foto: Luís Macedo/ABr)

Agentes de saúde nas galerias da Câmara (Foto: Luís Macedo/ABr)

Dilma Rousseff convocou para uma reunião no Planalto os líderes dos partidos do condomínio governista na Câmara. Será às 11h desta quarta-feira (13). O principal tema do encontro é o projeto que cria um piso salarial para os agentes comunitários de saúde. Antes irredutível, a presidente revela-se agora mais maleável. Deseja patrocinar um acordo.

Deve-se a flexibilização de Dilma ao risco real de amargar uma derrota na Câmara. A presidente poderia vetar a proposta. Mas compraria briga com cerca de 400 mil votos –360 mil agentes de saúde e 40 mil agentes de controle de endemias. Eles atuam nas equipes do programa Saúde da Família. Visitam lares pobres em pelo menos 5.288 municípios. Dilma tornar-se sócia da solução.

O projeto que tramita na Câmara fixa o piso dos agentes de saúde em R$ 950. No próximo ano, passaria para R$ 1.012. A partir de 2015, seria reajustado conforme a inflação. Por ordem de Dilma, a ministra do balcão, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), informara aos partidos que essa versão não seria digerida.

Os agentes de saúde são contratados pelas prefeituras. O Ministério da Saúde repassa mensalmente aos municípios R$ 950 por cabeça. Porém, como não há piso definido, os prefeitos pagam bem menos aos servidores. Na maioria das cidades, paga-se o salário mínimo, sob a alegação de que a diferença cobre os encargos sociais.

Costurava-se na noite passada o seguinte acordo: o piso dos agentes passaria a ser de R$ 850. A pasta da Saúde continuaria enviando às prefeituras os mesmos R$ 950. A diferença de R$ 100 seria a contribuição da União para cobrir os encargos. Nessa versão, Dilma não teria que recorrer ao veto, já que a conta do Tesouro Nacional ficaria do mesmo tamanho.

Em reunião realizada nesta terça (12), o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), combinou com as lideranças de todos os partidos que nada será votado no plenário nesta semana. Afora a pendência dos agentes de saúde, há divergências também quanto ao texto do projeto de marco civil da internet.

O objetivo dos líderes é o de usar o resto de semana para negociar as duas matérias. Na próxima terça-feira, com ou sem acordo, vão a voto o piso dos agentes de saúde, o marco da internet e o projeto do novo Código de Processo Civil, também pendente de votação.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.