PT e PSDB travam uma ‘Guerra Fria’ de lama
No tempo em que o mundo era bipolar, respirávamos o medo de que os mísseis dos EUA e da União Soviética cruzassem no ar a qualquer momento. Numa autofagia nuclear, a potência livre e o império do mal se aniquilariam mutuamente. E a humanidade seria eliminada de roldão, por contágio. Só começamos a dormir tranquilos depois que o fim da União Soviética dissolveu a atmosfera de tensão.
Mal comparando, a política brasileira atravessa uma quadra semelhante. Os dois principais partidos vivem uma versão muito peculiar de Guerra Fria. A caminho de sua sexta batalha presidencial, PT e PSDB ameaçam lançar um sobre o outro o definitivo barril de lama tóxica. O penúltimo botão foi apertado no Ministério da Justiça, chefiado pelo petista José Eduardo Cardozo.
Enviou-se à Polícia Federal denúncia atribuída a um ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, que negou a autoria. Na peça, acusa-se a nata do tucanato de São Paulo de receber propinas. Vão à fogueira secretários de Geraldo Alckmin. Entre eles o chefe da Casa Civil do governador do PSDB, Edson Aparecido. E os tucanos passam a dividir as manchetes com os mensaleiros petistas presos.
Sem muito interesse pelo conteúdo da denúncia, o PSDB dedica-se a atacar a forma. O ministro da Justiça deve explicações, afirmam o presidenciável e o líder na Câmara. Simultaneamente, o petismo esforça-se para converter em mártires os seus bandidos –já julgados, condenados e presos. De resto, o PT finge que não tem nada a ver com roubalheiras seminovas, como a dos fiscais da prefeitura de São Paulo.
O brasileiro olha ao redor e pergunta de si para si: se esses são os dois principais partidos, se reúnem o que de melhor a política brasileira foi capaz de produzir em três décadas de redemocratização, o que será do Estado brasileiro?
O país nem teve tempo de ter esperança com as últimas decisões do STF. Os ingênuos desejos de mudança são engolfados por uma viscosa matéria morta e terrosa. O Brasil parece mesmo condenado a conviver com o receio perpétuo de acabar numa explosão de lama.
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