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Josias de Souza

Falta até água no presídio em que o preso custa R$ 3 mil mensais em Alagoas

Josias de Souza

06/12/2013 16h07

Termina nesta sexta-feira (6) o mutirão carcerário do Conselho Nacional de Justiça em Alagoas. Na fase final, os inspetores visitaram uma unidade que o governo alagoano de Teotônio Vilela Filho (PSDB) considera modelo: o Presídio do Agreste. Fica na zona rural do município de Girau Ponciano, a 160 km de Maceió. Foi inaugurado há 17 dias (veja no vídeo). A gestão é compartilhada com uma empresa privada, a Reviver. Cada preso custará ao Estado R$ 3 mil por mês.

Pois bem. A despeito do custo elevado e do cheiro de novo, a cadeia já experimenta velhas mazelas. Segundo o CNJ, a água é racionada. Os presos são obrigados a "passar sede" por até 5 horas diárias. Faltam itens de higiene e uniformes —os detentos chegam a ficar cinco dias com a mesma roupa. A assistência médica ainda é precária. Como se fosse pouco, os presos disseram ter sofrido agressões. O CNJ acionará o Ministério Público Federal.

O juiz auxiliar da presidência do CNJ, Douglas de Melo Martins, analisou a relação custo-benefício: "Pelo contrato, o governo gasta mais de R$ 3 mil mensais por preso e, mesmo com esse custo significativo, a unidade apresenta uma série de deficiências. Recomendamos ao governo [de Alagoas] providências no sentido de que se exija da empresa [Reviver] o devido cumprimento do contrato."

Os problemas do novo presídio de Alagoas começaram a aparecer numa fase em que as celas estão ocupadas apenas parcialmente. Das 789 vagas existentes, foram preenchidas, por hora, cerca de 350. Segundo o magistrado Douglas Martins, "em mais ou menos um mês o presídio estará com a capaciade esgotada. Então, a solução tem de ser urgente." É, faz sentido.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.