Topo

Josias de Souza

Descoberto plano para extorquir Marcos Valério

Josias de Souza

01/02/2014 05h43

Fernando Donasci/Folha

À espera da chegada de Marcos Valério, a administração da penitenciária mineira Nelson Hungria detectou um plano de presidiários para extorquir o ex-operador das arcas clandestinas do PT assim que ele chegasse. Planejavam a investida líderes de uma facção criminosa chamada Comop, Comando Mineiro de Operações. A trama foi descoberta graças a um sistema de monitoramento de conversas de presos que funciona na cadeia, localizada na cidade de Contagem.

Deve-se a revelação à repórter Josie Jeronimo. Ela ouviu o coordenador do Comando de Operações Especiais da cadeia mineira, Adeilton Souza Rocha. Que confimou o ocorrido e relatou as providências adotadas. "Com o intuito de coibir isso, redobramos a vigilância para monitorar individualmente esse preso com poder aquisitivo. Não queremos trazer um fato político para dentro da nossa unidade."

De resto, os líderes da tal facção foram transferidos para outro pavilhão. E Valério, quando chegar, terá de passar um mês isolado, "em observação". Preso na penitenciária da Papuda, em Brasília, Valério aguarda autorização do STF para se transferir para Minas, seu Estado.

Na terça-feira, 28, o ministro Ricardo Lewandowski, que respondia pelo plantão do Supremo na fase final do recesso do Judiciário, enviou ofício ao juiz da Vara de Execuções Penais de Contagem. Na peça, indagou sobre a existência de vaga no cadeião de Contagem, onde já aguardam por Valério um número de matrícula, uma cela e o uniforme vermelho.

Em 2009, detido na penitenciária de Tremembé, em São Paulo, Valério já havia sido vítima de criminosos que enxergaram nele uma oportunidade a ser aproveitada. Nessa época, o operador do mensalão disse a amigos que sofreu violência física e psicológica. Curiosamente, a trama farejada na penitenciária de Contagem pode ser útil para Valério.  Ele ganha argumentos para requerer a transferência para uma Apac, como são chamadas as associações de Assistência e Amparo ao Condenado.

Há quatro unidades da Apac em Minas Gerais. Nelas, os presos recebem "atendimento humanizado". Não há agentes penitenciários para prevenir fugas. Os familiares não passam por revistas humilhantes em dias de visita.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.