Ministério é o mesmo, Dilma é que foi reformada
Ao assumir a Presidência, em 2010, Dilma Rousseff operou uma mudança nos costumes políticos. Seus antecessores suavam para produzir escândalos. Ela incorporou à sua novíssima gestão escândalos que já vieram prontos. Como resultado, teve de fazer por pressão o que não fizera por precaução: no primeiro ano de governo, varreu da Esplanada sete prontuários.
Um ano e meio depois da pseudofaxina, Dilma inaugurou uma segunda fase. Negociou com comandantes do lixão a retomada de ministérios contaminados. Reabilitados, os faxinados Alfredo Nascimento (PR) e Carlos Lupi (PDT) comandaram a reocupação dos respectivos monturos, a pasta dos Transportes e a do Trabalho.
Nesta segunda-feira, 3, Dilma deflagrou a terceira onda de seu governo. É marcada pela subordinação do interesse público a uma causa que traz embutida um benefício particular: a reeleição. A presidenta do governo democrático e popular já nem simula interesse pela moralidade e pela eficiência administrativa. Está entendimento que Dilma não busca os melhores auxiliares. Ambiciona a equipe politicamente mais rentável.
"Ao longo deste mês outros ministros irão ser substituídos", discursou Dilma. Depois das primeiras reacomodações do PT, uma pasta vai para o Pros, outra para o PSD, uma terceira para o PTB, quem sabe mais uma para o PMDB… O que for necessário para prover a Dilma um tempo de propaganda eleitoral nunca antes visto na história do país.
"As mudanças que fazemos hoje fazem parte da democracia e não alteram nossa linha de atuação." De fato, a Esplanada não mudou. Na prática, continua subordinada à mesma mediocridade. Dilma é que foi reformada, não o ministério. Ela agora canaliza toda a articulação governamental para a costura do complô que tentará reelegê-la presidente.
Mimetizando a ambiguidade que envenenou a trajetória política do antecessor, Dilma conduz a própria biografia num passeio pelos cafundós do arcaísmo. À semelhança do que ocorrera com o ex-sindicalista do ABC, a genrentona de esquerda está totalmente integrada à paisagem. É vista pela tribo que toma o Estado como fonte de negócios e oportunidades como "uma das nossas".
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