Ministro do PT contrata réu do mensalão tucano

De saída do Ministério do Desenvolvimento, o petista Fernando Pimentel deixa para o seu substituto um assessor que é réu no processo do mensalão do PSDB de Minas Gerais. Chama-se José Afonso Bicalho. Contratado via BNDES, trabalha na Esplanada de Dilma Rousseff desde abril de 2013.

Deve-se a revelação ao repórter Thiago Herdy. Ele conta que Bicalho presidia o Bemge, Banco do Estado de Minas Gerais, na época do escândalo, em 1998. Tornou-se réu porque a instituição, então uma casa bancária estatal, transferiu R$ 500 mil para a SMP&B, agência publicitária de Marcos Valério.

O pretexto invocado para o repasse foi o patrocínio de uma competição de motocross. Mas o Ministério Público Federal constatou que a verba aportou no caixa da campanha reeleitoral do então governador mineiro Eduardo Azeredo, do PSDB. Bicalho frequenta o processo sob a acusação de peculato (desvio de dinheiro público). Ele nega.

A notícia chega em má hora para Pimentel. Nesta sexta (14), o Diário Oficial publica sua exoneração do ministério. Já na condição de ex-ministro, ele será lançado como candidato do PT ao governo de Minas. O ato inaugural de sua campanha terá a presença de Lula. O vínculo com o escâncalo tucano tornou-se interrogação compulsória para os repórteres que farão a cobertura do evento.

Pimentel será substituído por Mauro Borges, que deixa a presidência da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. A despeito da dança de cadeiras, Bicalho não tem a intenção de se levantar. "Pretendo continuar no ministério", declarou, categórico. Adota uma linha diferente da que foi adotada pelo jornalista Eduardo Guedes, outro réu do processo do mensalão.

Levado às manchetes como um contratado do PSDB, Eduardo Guedes prestava assessoria ao presidente do partido, Aécio Neves. Sob a alegação de que não deseja causar constrangimentos, requereu a revogação do contrato. Foi atendido pelo PSDB na noite da última quarta-feira (12).

Na disputa pelo governo de Minas, o petista Pimentel terá como principal adversário o tucano Pimenta da Veiga, ex-ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique Cardoso. A julgar pela presença de réus nos dois lados da contenda, os candidatos devem se abster de jogar os mensalões um na cara do outro.