Datafolha: futuro está nas mãos dos indecisos
A oito meses da eleição presidencial, o futuro está nas mãos dos indecisos. É isso o que informa o último Datafolha, divulgado neste sábado. É enorme a importância dos indecisos. Dependendo da decisão que eles tomarem, tudo pode acontecer em 2014, inclusive nada.
Desde novembro, a coisa mudou pouco, muito pouco, pouquíssimo. Dilma Rousseff (47%) continua bem à frente de Aécio Neves (17%) e Eduardo Campos (12%). Seria reeleita no primeiro turno, certo? Sim, mas a conclusão é precária. Por quê? A pesquisa exibe um retrato provisório de uma cena em movimento.
Considerando-se o principal cenário, a sondagem informa que 24% dos eleitores ainda não escolheram um candidato. Conforme a movimentação dessa gente, Dilma pode virar um foguete inalcançável (improvável) ou pode ceder o segundo turno a um de seus rivais, Aécio ou Campos (mais provável).
Dos 24% que ainda não se apaixonaram por nenhum candidato, 6% dizem que não sabem em quem votar. Entre agosto e setembro, esse eleitor tomará um rumo. Outros 18% afirmam que votarão em branco ou anularão o voto. A história indica que esse percentual será muito menor no dia da eleição. Na sucessão de 2002, brancos e nulos somaram 10,38%. Em 2006: 8,41%. Em 2010: 8,64%.
Esse ambiente, digamos, gelatinoso, não é bom para Dilma. Não há brasileiro que a desconheça. Para figurar na primeira página, para aparecer no Jornal Nacional, basta que a presidente dê um espirro. Seus antagonistas, ainda pouco manjados fora de suas províncias, plantam bananeira… e ninguém os nota.
O jogo tende a se equilibar a partir de junho. Pela lei, os meios eletrônicos de comunicação terão de democratizar a vitrine, abrindo espaço para todos. Em agosto, com a Copa do Mundo no retrovisor, começa a propaganda eleitoral. Se os opositores de Dilma tiverem o que dizer… Se a economia desandar… Se…
No momento, as equipes de campanha deveriam se concentrar nos indecisos. De novo: o futuro depende deles. Não é difícil descobrir o que desejam: mais respeito e muito mais decência. Serviços públicos menos africanos.
De resto, os candidatos talvez devessem considerar a hipótese de incluir nos seus programas de governo iniciativas voltadas espeficicamente para os indecisos. Por exemplo: banheiros públicos com bonequinhos de homem e de mulher na mesma porta. Exagero? Ora, um sujeito que vive na era da informática e ainda não superou o seu drama hamletiano —Dilma or not Dilma, Aécio or not Aécio, Campos ou not Campos—… um sujeito assim não pode ser submetido a decisões drásticas. Exigir dele que se posicione no mundo é muita crueldade.
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