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Josias de Souza

Por pouco, Bolsonaro não substituiu Feliciano!

Josias de Souza

26/02/2014 18h14

Candidato avulso à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o protoconservador Jair Bolsonaro (PP-RJ) esteve a um passo de substituir o colega pastor Marco Feliciano (PSC-SP). Num colegiado de 18 votos, Bolsonaro obteve oito. Com uma vantagem mixuruca de dois votos, foi ao comando da comissão o petista Assis do Couto (PR), opositor de mostruário do aborto.

Para desassossego dos defensores da causa, ficou entendido que 44,4% dos membros da Comissão de Direitos Humanos têm a fisionomia de Bolsonaro. Considenrando-se o discurso pronunciado na sessão por Marco Feliciano, o pedaço do grupo que se parece com impensável não dará refresco à outra ala.

Ao despedir-se da presidência, Feliciano disse que 2013 "foi um ano turbulento." Lamentou que o boicote de seus antagonistas tenha esvaziado a comissão. "Infelizmente, durante o ano de 2013, nós tivemos aqui a ausência de debatedores contrários ao pensamento da maioria."

Apeado da presidência, Feliciano avisou que o fenômeno da ausência do contraditório não vai se repetir em 2014: "Tenho certeza de que ambos os contrapontos estarão aqui. Isso dá a beleza da democracia, a beleza do debate e a construção dos pensamentos."

Após desprezar a Comissão de Direitos Humanos no ano passado, o PT, dono da maior bancada na Câmara, acha que retomou o controle do colegiado. Será?

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.