Gleisi considera lamentável reação de Barbosa
Recém-saída da Casa Civil de Dilma Rousseff, a ex-ministra e senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) criticou a reação de Joaquim Barbosa à decisão do STF de rever a condenação pelo crime de formação de quadrilha que havia sido imposta aos réus do mensalão em 2012. Ela enxergou nas palavras do presidente do Supremo insinuações contra o processo de escolha dos ministros do tribunal.
"Eu lamento as declarações do minsitro Joaquim Babosa, que não está de acordo com uma decisão da Suprema Corte e coloca em suspeição todo o processo de nomeação e indicação dos membros do Supremo Tribunal Federal. Como se ele próprio não fosse resultado desse processo. Isso não faz bem à democracia brasileira. Esse é um processo que tem guarida na Constituição e na história da Repúblicaa brasileira."
Deve-se a reviravolta do Supremo aos votos de dois ministros indicados por Dilma: Luís roberto Barroso e Teori Zavascki. Os dois não estavam no Supremo quando, por maioria de 6 a 4, o tribunal condenara os mensaleiros por formação de quadrilha. No julgamento dos recursos (embargos infringentes), ambos ajudaram a formar uma nova maioria de 6 a 5, agora a favor da corrente que considera que não há provas de que os mensaleiros formaram uma quadrilha.
Sacramentado o novo resultado, na sessão desta quinta (27), Barbosa desabafou: "Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que este é apenas o primeiro passo. Esta maioria de circunstância tem todo tempo a seu favor para continuar nessa sua sanha reformadora. Essa maioria de circunstância, formada sob medida para lançar por terra todo um trabalho primoroso, levado a cabo por esta corte no segundo semestre de 2012…"
Para Gleisi, Barbosa "abre mão da argumentação jurídica e técnica para insinuar que o processo de escolha dos membros do Supremo carece de seriedade e de responsabilidade." A ex-ministra de Dilma indaga: "Estaria a sua indicação também sujeita à suspeição?" Um detalhe retira o nexo da interrogação de Gleisi. Barbosa virou ministro do STF em 2003. Indicou-o Lula. Nessa época, o crime do mensalão estava sendo cometido, não julgado.
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